Metalúrgicos da GM aprovam programa para até 1.215 demissões voluntárias

PDV é visto como uma alternativa na medida em melhora as condições econômicas dos trabalhadores para enfrentar a transição

Os trabalhadores das três fábricas paulistas da General Motors (GM) aprovaram a abertura de um PDV (Programa de Demissão Voluntária). Ao todo, estão previstos até 1.215 cortes, sendo 830 em São José dos Campos (SP), 290 em São Caetano do Sul (SP) e 95 em Mogi das Cruzes.

O número é próximo dos 1.200 desligamentos que a GM fez em outubro, mas que foram revertidos após uma histórica greve unificada de 17 dias. A medida ilegal da montadora foi cancelada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região e pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).

O volume de demissões preocupa o movimento sindical porque esses metalúrgicos provavelmente não terão facilidade para encontrar postos de trabalho similares, com carteira assinada e diversos benefícios. Nesse sentido, o PDV é visto como uma alternativa na medida em melhora as condições econômicas dos trabalhadores para enfrentar a transição.

Para os funcionários com um a seis anos de fábrica que optarem pela demissão voluntária, o pacote inclui seis meses de salário, adicional de R$ 15 mil e plano de saúde por três meses (ou R$ 6 mil). Já os operários com sete anos ou mais de GM que aderirem ao PDV terão benefícios um pouco diferentes: cinco meses de salário, um carro Onix Hatch LS (R$ 85 mil) e plano de saúde por seis meses (ou R$ 12 mil).

O período de adesão ao PDV é de 5 a 12 de dezembro. Para cada funcionário que concordar com a demissão, a empresa reintegrará um trabalhador que está hoje em layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho). Mesmo quem não concordar com o PDV terá estabilidade até 31 de maio de 2024.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, os trabalhadores que foram demitidos e posteriormente reintegrados devem aceitar os termos do PDV. “O sindicato é contra qualquer fechamento de postos de trabalho. Mas o PDV já era uma pauta nossa, como alternativa às demissões arbitrárias que chegaram a ser feitas pela GM”, diz Renato Almeida, secretário-geral da entidade.

Para o sindicalista, o Programa de Demissão Voluntária “não coloca um ponto final na luta em defesa dos empregos”. As ações unificadas dos sindicatos de metalúrgicos das três bases vão permanecer. “Estaremos atentos a qualquer movimentação da empresa no sentido de realizar novos cortes. Combatemos de forma permanente toda medida que seja prejudicial aos trabalhadores.”

As demais bases também incentivam os trabalhadores a aceitarem o PDV. “Nós construímos juntos a proposta – e ela é excelente”, avalia Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano.

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