Agricultores cercam Paris e negociação com Mercosul é suspensa

Em protesto contra o aumento dos custos e as importações baratas, o principal sindicato da categoria bloqueia rodovias no entorno da capital francesa

Foto: Reprodução

Agricultores franceses paralisaram nesta segunda (29) oito rodovias de acesso a capital do país, Paris, em protesto contra o aumento dos custos de produção para o setor, além das importações baratas de produtos estrangeiros concorrrentes . O acordo comercial entre União Europeia e Mercosul também é alvo dos manifestantes.

No mesmo dia, o gabinete do presidente da França Emmanuel Macron disse que encerrou as negociações e não fechará o acordo comercial com o bloco sul-americano.

O protesto é liderado pela Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores (FNSEA, em francês), o maior sindicato da categoria no país. O Sindicato dos Jovens Agricultores também participa da mobilização que atinge grandes cidades como Lyon e Bordeaux.

Os manifestantes bloqueiam estradas utilizando tratores agrícolas, símbolo dos recentes protestos. Entre as demandas, a categoria exige a queda do imposto sobre o diesel, um dos elementos fundamentais na estrutura produtiva do setor.

De acordo com a FNSEA, os produtores franceses concorrem com mercadorias de outros países com o preço abaixo do deles, já que a França incide mais imposto sobre combustíveis fósseis.

Há reclamações também da maior circulação de produtos ucranianos dentro do mercado interno francês por conta da guerra com a Rússia.

Em 2022, a União Europeia suspendeu os impostos de exportação ucraniana como forma de apoiar a economia do país em meio ao confronto. A ajuda, no entanto, acaba prejudicando a competitividade do produtor agrícola francês, segundo o sindicato.

Em especial, os agricultores franceses são contra as negociações em curso sobre um acordo comercial com os países do Mercosul, que, segundo eles, permitiria a importação de alimentos baratos que não seguem os padrões rigorosos da UE.

“[Macron] reiterou à comissão de maneira muito firme o fato de que é impossível concluir as negociações nestas condições”, disse um assessor do presidente francês a jornalistas na preparação da cúpula da União Europeia de quinta-feira.

Segundo o assessor, a UE entendeu que era impossível chegar a um acordo com o bloco aduaneiro formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai nesse contexto e suas negociações com os países do Mercosul foram interrompidas.

“É nosso entendimento que a UE orientou seus negociadores a encerrarem a sessão de negociações que está em curso no Brasil e, em especial, cancelarem a visita do vice-presidente da comissão que estava prevista por causa da expectativa de uma conclusão”, acrescentou ele.

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