Três estados e DF decretam situação de emergência por dengue

Saúde inaugura polo de atendimento no RJ, que registrou 10.156 casos e 362 internações em 2023, maior número desde 1974. Ministra da Saúde pediu colaboração da população

Foto: Reprodução/ Ministério da Saúde

A ministra da Saúde Nísia Trindade participou, nesta segunda (6), da inauguração do primeiro dos 10 novos polos de atendimento para pacientes com dengue no município do Rio de Janeiro. A capital fluminense vem sofrendo com uma epidemia da doença e registrou mais de 10 mil novos casos só neste início de ano.

“Há quase 40 anos nós temos convivido com epidemias de dengue. E sabemos as ações que são importantes, como o atendimento para hidratação, por exemplo. Junto a isso, eu quero fazer um apelo à toda a população e, também, aos prefeitos e prefeitas, para que nós tenhamos uma ação efetiva de combate aos focos do mosquito”, destacou a ministra.

A explosão de casos de dengue em diversas regiões do país fez com que pelo menos quatro estados – Acre, Minas Gerais e Goiás, além do Distrito Federal – decretassem situação de emergência em saúde pública.

O decreto do estado de Goiás foi publicado na última sexta (2). Dados da Secretaria de Saúde indicam que, este ano, foram registrados 22.275 casos de dengue e duas mortes no estado – um aumento de 58% na comparação com o mesmo período de 2023.

Minas Gerais publicou decreto de emergência em saúde pública no último dia 27. Até o dia 29, foram registrados 64.724 casos prováveis e 23.389 casos confirmados da doença, além de um óbito confirmado e 35 em investigação.

Já o Distrito Federal publicou seu decreto no último dia 25. O boletim epidemiológico mais recente aponta 29.492 casos prováveis de dengue nas primeiras quatro semanas do ano, além de seis mortes pela doença.

O decreto do estado do Acre foi publicado logo no início do ano, no dia 5. Até meados de janeiro, o estado havia contabilizado 2.532 notificações de casos de dengue. A capital, Rio Branco, lidera o quantitativo de casos.

Além das quatro unidades federativas, a cidade do Rio de Janeiro também declarou emergência em saúde pública em razão da dengue. O decreto foi publicado nesta segunda, em meio a 20.064 casos prováveis da doença contabilizados até 1º de fevereiro.

Dados do Ministério da Saúde indicam um aumento de 273% nos casos nas quatro primeiras semanas de 2024, tornando a vacinação uma medida crucial na contenção dessa epidemia.

Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou a inclusão da vacina Qdenga no calendário do Sistema Único de Saúde (SUS). O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. A campanha, que tem previsão de começar este mês, inicialmente priorizará jovens de 10 a 14 anos em municípios com mais de 100 mil habitantes e alta transmissão de dengue.

Para apoiar estados e municípios nas medidas de prevenção e controle, o Ministério repassou R$ 256 milhões para todo o país, em uma ação de reforço do enfrentamento da doença. Ainda em 2023, o Ministério da Saúde qualificou cerca de 12 mil profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, para atuarem como multiplicadores para manejo clínico, vigilância e controle da doença. 

A pasta também normalizou os estoques de inseticidas, abastecendo todos os estados, que estavam em situação crítica desde o início de 2023. O reabastecimento também foi possível para os testes diagnósticos de controle da dengue

10 polos no Rio de Janeiro

No Rio de Janeira, o primeiro polo de atendimento para pacientes com dengue fica na unidade de Curicica, bairro da região oeste da capital, na Clínica da Família Raphael de Paula Souza. De acordo com o secretário de Saúde da cidade, Daniel Soranz, no espaço o paciente consegue fazer todo o tratamento.

“Ele chega, faz o hemograma e também a sorologia. Se precisar, faz a hidratação venosa e oral aqui mesmo. E se necessitar de internação, temos leitos dedicados para arboviroses e infectologia”, explicou.

Durante o ato de abertura do polo, a ministra Nísia Trindade reforçou que o ministério da Saúde acompanha diariamente o cenário epidemiológico de todos os estados brasileiros, especialmente os que declararam emergência em razão da dengue.

“Instituímos, no último sábado (3), o Centro Centro de Operações de Emergência contra a dengue e outras arboviroses (COE-Dengue). Também fizemos uma reunião com as entidades de prefeitos de todo o Brasil para estarmos juntos nessa luta. A nossa mensagem principal é o Brasil unido contra a dengue”, afirmou.

A ministra da Saúde também pediu a colaboração da população para evitar que a doença se prolifere pela cidade.

“Estamos trabalhando em um esforço nacional, em locais de emergência como o Rio, para prevenir a dengue. Mas, é fundamental a cooperação da população, porque 70% dos focos (de dengue) estão dentro das casas”, pontuou.

A prefeitura do RJ ainda inaugura um segundo e terceiro polo, respectivamente, ficarão na Policlínica Lincoln de Freitas Filho, em Santa Cruz, e no Posto de Saúde Belisario Pena, em Campo Grande, ambos na Zona Oeste.

Nesta segunda, o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PSD), decretou estado de emergência em saúde pública. Acre, Minas Gerais e Goiás, além do Distrito Federal, já decretaram situação de emergência por causa da doença.

Até o fim desta semana, a cidade do Rio de Janeiro terá dez polos de saúde específicos para atender a pacientes com suspeita de dengue.

Segundo a Prefeitura do Rio, os outros polos ficarão em:

  • Bangu,
  • Madureira,
  • Del Castilho,
  • Tijuca,
  • Gávea,
  • Centro e
  • Complexo do Alemão.

A abertura dos polos é uma das ações do plano de contingência de enfrentamento à dengue, criado pela prefeitura do Rio, uma vez que a cidade já registrou, este ano, 11 mil casos da doença, com 360 deles necessitando de internação.

O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, orienta as pessoas a procurarem atendimento nos polos ou em redes de atenção básica se começarem a sentir sintomas da dengue, que incluem febre alta, dor de cabeça, dor no corpo, nas articulações e no fundo dos olhos.

Assim que chegam ao polo, os pacientes têm uma amostra do sangue recolhida para a confirmação do diagnóstico, que é dado cerca de uma hora depois da coleta. No local, também há cadeiras e macas para hidratação venosa e oral.

A equipe de saúde, formada por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, fará também a classificação da gravidade do quadro. Os quadros mais graves serão encaminhados para internação como “vaga zero” (emergência), através da Central Municipal de Regulação.

O plano de contingência também prevê a destinação de leitos exclusivos para a internação desses pacientes. No Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, por exemplo, que funciona como uma unidade de referência inicial, foram separados 20 leitos.

No próprio Centro Municipal de Saúde Raphael de Paula Souza, também haverá um setor destinado à internação de pacientes com dengue e outras arboviroses (doenças transmitidas por artrópodes, como mosquitos e carrapatos).

“Esse nosso primeiro polo consegue fazer todo o tratamento. O paciente chega, colhe sangue, consegue fazer hemograma, consegue colher sorologia. Se precisar de hidratação, faz hidratação venosa e oral aqui mesmo. E, se precisar de internação, também tem leitos dedicados aqui para arbovirose e infectologia. O objetivo é que a gente consiga reduzir o número de casos graves e reduzir o número de óbitos por dengue. Esse tratamento precoce faz toda a diferença”, afirmou Soranz.

Caso haja necessidade, mais centros de atendimento poderão ser abertos, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Além dos polos, os 150 centros de hidratação montados no final do ano passado nas unidades de saúde para o atendimento de devido aos efeitos do calor também serão usados na assistência às pessoas com dengue.

Principais sintomas da dengue

Os sintomas da dengue são variados, mas as manifestações mais comuns são:

  • Eritema (mancha vermelha parecidas com alergia);
  • Dor no corpo;
  • Mialgia (dor muscular);
  • Fadiga;
  • Dor de cabeça;
  • Dor no fundo dos olhos;
  • Febre (maior que 38,5ºC);
  • Perda de apetite;
  • Dor abdominal.

Muitas vezes, os sintomas são leves e passam sozinhos (são autolimitados). A febre, por exemplo, pode não ser alta, e nem será acompanhada de dor de cabeça.

Sintomas da dengue em casos graves

Os sintomas da dengue em casos graves são semelhantes ao da doença leve. A diferença é que no terceiro ou quarto dia da infecção ocorre choque hemorrágico (a pessoa perde sangue, o que faz com que o seu coração perca a capacidade de bombear a quantidade necessária para nutrir vários órgãos do organismo), e desidratação severa. Os sinais de alerta são os seguintes:

Dor abdominal intensa;

Vômito persistente;

Respiração acelerada;

Sangramento de mucosa ou outra hemorragia;

Fadiga;

Agitação ou confusão mental

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