49 milhões de brasileiros vivem em lares sem coleta de esgoto adequada

Dados trazidos pelo Censo 2022, do IBGE, relevam que ainda há grande caminho para avançar; rede de coleta de esgoto alcança 62,5% dos domicílios

Na periferia de Belém praticamente inexiste rede de esgotos.

Nesta sexta-feira (23), novo recorte baseado em dados do Censo Demográfico 2022 foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nele é trazido informações referentes à coleta de esgoto no país que, apesar de demonstrar melhoras, ainda tem um longo caminho para avançar.

Segundo consta, a rede de coleta de esgoto no Brasil chegou a 62,5% de domicílios, no entanto 49 milhões de pessoas seguem com recursos precários de esgotamento sanitário.

Em 2000, apenas 44,4% dos domicílios faziam parte da rede de coleta de esgoto e em 2010, somente 52,8% – pouco mais da metade. Com o último Censo, a rede alcançou 62,5%.

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Quanto aos esgotamentos sanitários mais comuns:

  • 58,3% estão na rede geral ou pluvial;
  • 13,2% utilizam fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede;
  • 4,2% fossa séptica ou fossa filtro ligada à rede;
  • 24,3% (que representa as 49 milhões de pessoas) ainda não possui recursos adequados de coleta.

Os três primeiros tópicos apresentados correspondem a formas adequadas conforme o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB). Somadas alcançam 75,7% de cobertura em 2022. A coleta de esgoto é a área do saneamento básico com menos cobertura geral e com os maiores desafios, uma vez que a estruturação é mais cara que as demais.

As 49 milhões pessoas apartadas do sistema de coleta constam em 16,4 milhões de domicílios, estes com soluções precárias como fossas rudimentares, buracos, esgotamento em fluxos de água e valas.

A situação do esgoto é reveladora de mais um marcador social da desigualdade do país, em que os mais pobres padecem com a falta de serviços básicos, com especial atenção para a população negra e jovem, que ocupa as periferias do país.

Prova disso é que 58,1% dos pardos e 10,4% dos pretos não possuem esgoto da forma adequada, sendo que representam na sociedade, respectivamente, 45,3% e 10,2% da população, conforme o Censo. Ou seja, os negros (pardos e pretos) são 55,5% da população, mas a taxa de falta de esgoto os atinge em 68,5%. Com a população branca (43,5%) a falta de esgoto é de 29,5%.

Sobre a faixa etária, de acordo com o IBGE, “em 2022, as faixas etárias mais jovens apresentaram maior incidência de situação de precariedade no acesso a saneamento básico. Na população entre 0 e 4 anos, 3,4% residiam em domicílios sem canalização de água; no grupo com 60 anos ou mais, essa proporção foi de 1,9%. Quanto à ausência de banheiro, sanitário ou buraco para dejeções nos domicílios, os índices obtidos foram de 0,9% no grupo entre 0 e 4 anos, e 0,4% no grupo com 60 anos ou mais.”

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Ainda existe um recorte regional em que o Sudeste (86,2%) apresenta a maior parte da população em domicílios com coleta de esgoto, enquanto no Norte (22,8%) o indicador apresentou a menor taxa.

Para visualizar os dados completos, o IBGE disponibiliza os números, gráficos e mapas no panorama do Censo 2022.

*Com informações IBGE