Administração Biden alardeia armas para Ucrânia enquanto mantém silêncio sobre Israel

Desde o início do conflito, mais de 126 comunicados à imprensa foram emitidos descrevendo a ajuda militar à Ucrânia, em comparação com apenas três para Israel.

Biden em visita a fábrica de armas

Quando se trata de enviar armas para países em conflito, a administração Biden tem adotado duas abordagens distintas: uma para a Ucrânia e outra para Israel. Enquanto as transferências de armas para a Ucrânia são anunciadas com fanfarra e transparência, o silêncio prevalece quando se trata de armamentos destinados a Israel.

Antony Blinken, Secretário de Estado dos Estados Unidos, proclamou recentemente o apoio ao “corajoso povo ucraniano” enquanto destacava os esforços dos EUA para defender o país contra a agressão russa. No entanto, essa narrativa transparente não é replicada quando se trata de Israel. Os detalhes sobre as transferências de armas para as Forças de Defesa de Israel permanecem envoltos em mistério, com poucas informações sendo divulgadas à imprensa.

A diferença na transparência é particularmente significativa à luz do histórico pacote de ajuda externa de 95 bilhões de dólares assinado pelo Presidente Biden. Enquanto a ajuda militar para a Ucrânia é amplamente divulgada, as transferências para Israel permanecem nas sombras.

Dados fornecidos pelo Departamento de Estado revelam que, desde o início do conflito, mais de 126 comunicados à imprensa foram emitidos descrevendo a ajuda militar à Ucrânia, em comparação com apenas três para Israel. Essa disparidade na divulgação de informações levanta questões sobre a igualdade de tratamento entre os dois países.

Embora o Departamento de Estado forneça regularmente informações detalhadas sobre o equipamento militar enviado para a Ucrânia, as comunicações sobre as vendas militares para Israel são escassas. A falta de transparência levanta preocupações sobre a prestação de contas e a supervisão do uso de armas americanas por parte de Israel.

A opacidade em torno das transferências de armas para Israel também destaca as tensões dentro do Partido Democrata em relação à política externa do país. Enquanto alguns membros do partido defendem o envio de menos armas para Israel devido às preocupações com os direitos humanos, outros argumentam a favor de um apoio contínuo ao país.

Embora as transferências de armas para cada país estejam sujeitas a diferentes autoridades e requisitos de notificação, é claro que há uma disparidade na forma como o Departamento de Estado trata essas questões. Josh Paul, ex-funcionário do Departamento de Estado, ressaltou que mais informações são fornecidas ao Congresso sobre as autorizações de vendas militares para a Ucrânia do que para Israel.

O presidente Biden enfrentou críticas por não enviar mais equipamentos para a Ucrânia, o que pode explicar a ênfase na transparência em torno dessas transferências. No entanto, a administração parece ansiosa por evitar um confronto com Israel, optando por manter as transferências de armas para o país em segredo.

A falta de divulgação sobre o uso de armas americanas por parte de Israel levanta preocupações sobre sua aplicação em áreas como Gaza e Cisjordânia. A transparência é fundamental para garantir a responsabilidade e a supervisão adequada do uso de armas fornecidas pelos Estados Unidos.

Em última análise, conforme aponta Nicholas Kristof, no The New York Times, a administração Biden deve ser transparente sobre as armas enviadas para Israel, mesmo que isso possa ser politicamente desconfortável. A transparência é essencial para garantir a responsabilidade e manter a confiança do público nas políticas externas dos Estados Unidos.

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