Um acampamento para entrar na história

Desde o dia 1º de fevereiro, centenas de jovens ocupam o terreno onde ficava a antiga sede da UNE, que até então servia de estacionamento. Ali eles pretendem ficar até que a justiça dê à entidade a posse definitiva do local. E mais do que isso, os estu

O acampamento reúne estudantes – universitários e secundaristas – de todo o Brasil, desde o sul até o Maranhão, passando por Minas, Bahia e Rio Grande do Norte. No local, os estudantes fizeram a própria organização. Foram nomeadas comissões de alimentação, de segurança, de infra-estrutura e de comunicação.




Há regras para quem fica. É proibido chegar ao local depois das 22hs, entrar com bebida alcoólica ou drogas. Após este horário também não é permitido fazer muito barulho, ou seja, festas nem pensar. Há banheiros químicos e chuveiros improvisados. Mas a UNE já contratou pedreiros para construir uma cozinha comunitária, um refeitório, instalar bicas e chuveiros, prova de que eles vão resistir até o final. Aliás, a justiça negou a reintegração de posse para a pessoa que alegava ser dona do terreno e explorava o estacionamento.


Para os estudantes, a UNE oferece café da manhã, almoço e janta, sempre com horários fixos. Até que a cozinha esteja pronta, a refeição será preparada por membros do movimento sem teto, que ocupam um espaço no centro da cidade. A UBM/Carioca oferece materiais de higiene como sabonetes, absorventes, desodorantes, preservativos e kits de primeiros socorros contendo remédios e curativos. 


Beco João Amazonas




As centenas de barracas cedidas pela UNE estão embaixo da cobertura onde ficavam os carros. Os estudantes as organizaram de forma a criar corredores em cada espaço. Estes vãos receberam nomes de figuras históricas do Brasil. É possível dormir no beco João Amazonas – ex-presidente do PCdoB, falecido em 2002; Helenira Resende, em homenagem à guerrilheira morta no Araguaia; ou Edson Luis, o estudante morto pela Ditadura. Também há o Largo Poeta Mário Quintana, onde todos as noites acontecem as partidas de War, com dois tabuleiros e várias equipes jogando.




No final do terreno uma pequena sala está sendo reformada para abrigar uma sede que servirá para reuniões e a instalação do CUCA (Centro Universitário de Cultura e Arte), e que a noite é utilizada para as partidas de ping-pong. As atividades culturais também são uma preocupação dos acampados. Além das diárias rodas de capoeira, há rodas de samba todos os domingos e para o carnaval já foi criado o bloco do acampamento. A letra ainda será criada e, claro, vai falar da ocupação do terreno.