1922 – 2007: 85 anos de luta do PCdoB

No transcurso do aniversário dos 85 anos do PCdoB, Miranda Muniz, presidente estadual do partido em Mato Grosso, descreve a trajetória de luta do Partido Comunista do Brasil e sua importância na atual luta

 


“Pra chegar aonde chegamos, muita história se passou, muita luta, camarada! Sempre a bandeira vermelha filha da classe operária,


Na luta junto do povo, no campo e na cidade, na guerra, na mata escura, Guerrilha do Araguaia, foram muitos, muitos nossos, que o sangue adubou o chão, foi buscando a liberdade e a paz que só virá da mão da revolução.


Por isso somos o broto que cresce e se reproduz, nós somos semente boa, a fruta flor de urucum, mantendo lindo o vermelho das bandeiras do PARTIDO COMUNITA DO BRASIL!


Pra chegar aonde chegamos, muita história se passou, muita luta, camarada….”


Música “Bandeira Vermelha” de Ronaldo Muniz (PCdoB-MT)


 


No dia 22 de março comemora-se o aniversário de fundação do Partido Comunista do Brasil. O movimento que culminou com a fundação do Partido, em 1922, teve Influencias das idéias e exemplo da Revolução Socialista Russa de outubro de 1917, da efervescência das manifestações operárias dos anos 19/20, bem como das idéias inovadoras e progressista do movimento cultural, sintetizado na histórica Semana da Arte Moderna.


O congresso da fundação ocorre no Rio e em Niterói. Nove delegados (Manuel Cendón – alfaiate, Joaquim Barbosa – alfaiate, Astrogildo Pereira – jornalista, João da Costa Pimenta – Gráfico, Luís Perez – operário, José Elias da Silva – funcionário público, Hermogênio Silva – eletricitário, Abílio de Nequete – barbeiro e Cristiano Cordeiro – funcionário público) representam grupos comunistas de Porto Alegre, Recife, São Paulo (capital), Cruzeiro (SP), Niterói e Rio. Os delegados de Santos e Juiz de Fora não conseguem comparecer. Na ocasião, aprova as 21 condições de ingresso na Internacional Comunista, os seus Estatutos e uma Comissão Central Executiva, também é aprovada uma campanha de solidariedade aos trabalhadores soviéticos.


Nesses 85 anos de existência o PCdoB, mesmo na maior parte do tempo condenado à ilegalidade e sofrendo terrível repressão, sempre esteve presente na luta de nosso povo.


Já em 1927, lança o Bloco Operário e Camponês e elege Otávio Brandão e Minervino de Oliveira vereadores no Rio. É uma expressiva vitória, pois a Câmara do então DF tem apenas 12 cadeiras. Em 1935, sob o lema “Pão, Terra e Liberdade”, contribui decisivamente para a criação da ANL (Aliança Nacional-Libertadora), que em apenas 2 meses chega a contar com 1.600 núcleos e de 70 mil filiados(as) e, após insurreição popular, chega a instituir um governo popular-revolucionário em Natal, com duração de 3 dias.


Durante a 2ª Guerra, organiza manifestações para forçar o governo getulista a integrar as forças anti-nazifascistas. Em 1945, com o fim da Ditadura do Estado Novo, o Partido é legalizado e participa do processo constituinte elegendo Luis Carlos Prestes para o senado e 14 deputados (em SP, DF, PE, RJ, RS, BA). No ano seguinte já tem 150 mil membros e em 1947 colhe nova vitória eleitoral. Em 1947, o General Dutra põe o Partido na ilegalidade, cassa seus parlamentares. Em 1953, organiza a “Greve dos 300 mil”

em S. Paulo e foi decisivo na luta pela criação da Petrobrás.


Em 1956, com a vitória da linha revisionista no 20º Congresso do Partido do URSS, e que teve apoio da maioria da direção do PCB, um grupo minoritário, tendo à frente João Amazonas, Maurício Grabois, Pedro Pomar, Ângelo Arroio, Elza Monnerat, Lincoln Oest, Carlos Danieli, rompem com a orientação revisionista e reorganizam, em 1962, o Partido Comunista do Brasil – PCdoB.


Com a implantação da Ditadura Militar, em 1964, que desencadeia um anticomunismo furioso, com supressão da liberdade, censura, tortura e assassinato de opositores, alinhamento automático com os EUA na guerra fria, o PCdoB participa intensamente da resistência e, no final dos anos 60, desloca quadros para a região do Araguaia para preparar um movimento de resistência armada – A Guerrilha do Araguaia. Após 3 campanhas das Forças Armadas, mais de 6 dezenas de comunistas são dizimados. Em 1976, sofre a perda de 3 dirigentes, no episódio da Chacina da Lapa. Em 1979, o movimento popular em ascensão força a Ditadura a promover uma anistia, ocasião em que vários dirigentes comunistas retornam ao país.


Em 1984, os comunistas participam ativamente da Campanha das Diretas Já e, após a derrota desse movimento cívico no Congresso, apóiam (no Colégio Eleitoral) a chapa vitoriosa Tancredo Neves – José Sarney. Em 1985, no Governo Sarney, o PCdoB retorna à legalidade após 38 anos, e, no ano seguinte, elege 5 constituintes que contribuíram decisivamente para a elaboração da chamada Constituição Cidadã de 1988.


Com a volta das eleições diretas em 1989, o PCdoB estabelece uma coligação com o PT e lançam Lula Presidente, mesma aliança que se repete nas eleições presidenciais de 1994-98, e, em vários casos, nos âmbitos estadual e municipal. Em 1992, o PCdoB é o primeiro partido a defender o “Fora Collor.”

  Nos anos seguintes, patrocina grande resistência a implantação da política neoliberal privatizante comandada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.


Em 2004, integra a coligação vitoriosa que elegeu Lula Presidente e, pela primeira vez na história do país, ocupa postos chaves da administração federal (inclusive com o Ministro dos Esportes e da Articulação Política). Em 2005, quando a oposição comandada pelo PSDB-PFL e apoiada descaradamente pela grande mídia conservador, tentaram envolver o presidente Lula em escândalos originados por desvios de conduta de dirigentes petistas, o PCdoB não teve dúvidas em denunciar e desmascarar a tentativa do “golpe branco” e, ao mesmo tempo, exigir apuração rigorosa dos fatos. Nesse mesmo ano, após a renúncia de Severino Cavalcante, o comunista Aldo Rebelo é eleito presidente da Câmara e chega ocupar a presidência da República, durante viagem do presidente Lula, fato também inédito na história do Brasil.


Agora, após a reeleição de Lula, o PCdoB tem insistido na necessidade de maior ousadia no sentido da implantação de uma política econômica que priorize o desenvolvimento e o emprego. Para tanto, faz sérias críticas à orientação conservadora, em especial, emanada do Banco Central e materializada pelas altas taxas de juros. A defesa de um sistema eleitoral democrático e plural, em contraposição a tentativa de se implantar mecanismos (tipo cláusula de barreira) anti-democráticos também é preocupação do Partido.


Atuando de maneira ousada e determinada, o Partido Comunista do Brasil, está presente na luta do povo e participará do processo eleitoral vindouro procurando alcançar maior visibilidade e, consequentemente, conquistar milhares de corações e mentes de brasileiros e brasileiras que almejam uma pátria livre, democrática, soberana e socialista!


VIVA OS 85 ANOS DO PCdoB!


VIVA A LUTA DO POVO BRASILEIRO!


·        Miranda Muniz – Agrônomo, bacharel em Direito, Oficial de Justiça Federal e Presidente Estadual do PCdoB/MT