Ciro quer Bloco de Esquerda para dar unidade ao povo
Após o lançamento do Bloco de Esquerda em São Paulo, na tarde de segunda (03), o deputado Ciro Gomes falou rapidamente ao Vermelho-SP. Parte da entrevista foi exclusiva, parte dividida com outros jornalistas.
Publicado 04/09/2007 11:22 | Editado 04/03/2020 17:19
Vermelho/SP – Qual a importância do Bloco de Esquerda?
Ciro Gomes – O Brasil precisa ter clareza do rumo estratégico. Esse rumo agora não é mais negar, como negamos a ditadura, como negamos o neoliberalismo. Nós temos que afirmar um projeto nacional de desenvolvimento que tenha o sentido superior do que quer dizer a palavra esquerda. O Brasil é a economia mais desigualmente distribuída do planeta. Nós temos que montar uma estratégia e um arranjo institucional, que só a política energizada é capaz de fazer, para que a gente mude esse estado de coisas. Amplie o espaço para os direitos do trabalhador – emprego e salário – e naquilo que representa renda indireta: a moradia acessível, a saúde que funcione, a educação pública que emancipe o filho do trabalhador. Todo o sentido de se ter um bloco de esquerda é para dar unidade ao povo.
Vermelho/SP – O Bloco de Esquerda pode construir candidaturas fortes já em 2008?
Ciro – Pode e deve. O sentido superior do encontro é muito maior do que uma eleição ou outra. Mas é nas eleições que se afirmam os valores e a militância de uma organização como a nossa.
Vermelho/SP – A decisão do PT, de lançar candidatura própria, ajuda?
Ciro – Isso é absolutamente natural. Eu acho que o PT terá candidato e isso não me surpreende de forma nenhuma. Não tem nada de mais que o partido mais importante brasileiro, que é o PT, pretenda lançar um candidato de seus próprios quadros. O Bloco, pelo mesmo argumento, também tem sua legítima pretensão.
Vermelho/SP – Isso não elimina a possibilidade de caminharem juntos?
Ciro – Não necessariamente.
Vermelho/SP – Mas o PT quer manter a atual aliança?
Ciro – O que ele está querendo? Está querendo adiar ao máximo o debate, no que está certo. Ele está querendo que ambições pessoais, que são legítimas, não atrapalhem a convergência necessária que ele precisa agora para sustentação do governo dele. E, ele sabe que o sistema permite inclusive que, se não for possível celebrar a unidade eleitoral e se os interesses nacionais presidirem o embate, nós podemos nos encontrar no segundo turno.
Vermelho/SP – O presidente Lula tem colocado o seu nome para a sucessão, como o senhor vê isso?
Ciro – Eu e o presidente Lula somos muito amigos e ele é muito generoso comigo. Mas, eu acho que mesmo ele erra se antecipa o debate sobre a sucessão.
Vermelho/SP – Isso tem a ver com o fato de ele não poder mais ser candidato a presidente?
Ciro – É isso. É um ciclo que se encerra. Agora ele vira a maior liderança popular do país, especialmente fora da presidência. Ele será um eleitor importante no processo.
De Campinas,
Agildo Nogueira Jr.