Trabalhadores da Vale param por 4h e reabrem negociação
Pelo menos 2,5 mil ferroviários da Companhia Vale do Rio Doce (CVDR) – privatizada por FHC e alvo de contestação dos movimentos sociais – cruzaram os braços no último dia 9 em protesto contra a contraproposta salarial apresentada pela mineradora. A parali
Publicado 17/10/2007 21:31
A greve de advertência parou completamente os trabalhos da empresa naquela unidade, das 6h às 10h. O movimento envolveu trabalhadores dos setores administrativo, pelotização, porto, oficinas e ferrovia, dos turnos das 6h, 7h, 9h, 11h30, 18h e 20h. Em cada um desses turnos foram realizadas assembléias específicas. Ao final da assembléia do turno das 9h, os trabalhadores seguiram em passeata do final da Avenida Dante Michelini à portaria principal da empresa.
União & Luta
A manifestação faz parte da mobilização nacional organizada pelo grupo União & Luta em repúdio à contraproposta patronal. Manifestações semelhantes ocorrerão em outras bases onde o grupo atua, como nas cidades mineiras de Inconfidentes e Itabira.
O grupo União & Luta responde por mais de 50% dos cerca de 35 mil empregados da Vale em todo o país. Ele é formado pelos sindicatos dos ferroviários do Espírito Santo e Minas Gerais (Sindfer ES/MG); mineiros de Itabira (Metabase Itabira) e de Inconfidentes (Metabase de Inconfidentes); engenheiros do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, do Espírito Santo e Sergipe; administradores do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais; e secretárias do Rio de Janeiro.
Nas diversas assembléias realizadas ao longo da paralisação na terça-feira (9), os trabalhadores rejeitaram maciçamente a contraproposta patronal. Eles querem a reabertura imediata das negociações e decretaram estado de assembléia permanente. Em casos como esses, o Sindicato fica previamente autorizado pelos trabalhadores a deflagrar greve, que pode ser de duração específica ou por tempo indeterminado.
Apoio
Sindicalistas de outras categorias profissionais estiveram presentes em solidariedade aos ferroviários da Vale. Dirigentes metalúrgicos, eletricitários, comerciários, engenheiros, mineiros e representantes das centrais sindicais CUT e Conlutas participaram do movimento.
Ao longo da paralisação, diversos empregados denunciaram estar sendo pressionados por seus superiores para não aderir à greve. Essas denúncias serão encaminhadas pelos sindicatos que formam o grupo União & Luta à diretoria de Recursos Humanos da empresa e exigido que sejam investigadas.
No último dia 3, a direção da empresa propôs aos dirigentes do grupo que o acordo salarial anual passe a ser fechado a cada dois anos. Os sindicalistas não abrem mão da periodicidade mensal para negociação do acordo salarial.
Reivindicações
Eles reivindicam o piso nacional calculado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), de R$ 1.688,35; reajuste salarial de 5,94%; aumento real de salários; 55,62% de reajuste relativo à corrosão salarial desde 1997; negociação da Participação nos Lucros no acordo; e implementação de plano de cargos e salários, além de cesta alimentação de R$ 370,00; e reembolso material escolar de R$ 410,00.
A contraproposta da Vale prevê piso salarial de R$ 750,00 e o mesmo valor reajustado em 2008; reajustes de 5% agora e o mesmo índice ano que vem; abonos de R$ 600,00 neste ano e no próximo; 13 cestas alimentação anuais nos valores de R$ 150,00, em 2007, e de R$ 190,00, em 2008; e reembolso material escolar de R$ 240,00 (2007) e R$ 260,00 (2008).