UFBA discute adesão ao programa de expansão das universidades 

O reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar Almeida, apresentou no dia 15/10 à imprensa e a alguns deputados federais baianos a proposta de inclusão da instituição no Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), p

A proposta da UFBA para o ingresso no Reuni vem sendo discutida há alguns meses, e prevê a criação 5066 vagas nos próximos cinco anos e a implementação de 35 novos cursos na instituição. Para atender à demanda também estão previstas as contratações de 533 novos docentes em regime de dedicação exclusiva e de 426 servidores. Mas a principal mudança é a adoção do modelo de bacharelado interdisciplinar, onde o aluno só decide a sua formação específica após passar por ciclos de formação interdisciplinar. No projeto da UFBA estão previstos quatro: tecnologia e artes, humanidades, saúde e ciências.


 



Em defesa das mudanças, o reitor Naomar Almeida argumenta que houve espaço para amplo debate das propostas. “Todas as escolas participaram das discussões e encaminharam sugestões que estão inclusas no projeto, constituindo um processo democrático. Das 30 unidades, 25 aprovaram a inclusão no Reuni e os estudantes foram representados nos colegiados e congregações”. 


 


 


Formação Interdisciplinar


 


Para deputada federal Alice Portugal (PCdoB/BA), que participou dos debates que ajudaram a formar o projeto de inclusão da UFBA e esteve presente na sua apresentação, a proposta resgata as idéias desenvolvidas pelo educador baiano Anísio Teixeira e representa um avanço no modelo de educação brasileiro. Segundo ela a interdisciplinaridade “vai contra o bitolamento do ensino superior no Brasil, que sempre esteve vinculado ao intuito de formar exclusivamente para o mercado”.


 


Metas para as universidades


 


Entre as principais críticas à proposta de adesão ao Reuni estão a exigência de elevar, num prazo de cinco anos, a taxa média de conclusão dos cursos de graduação presenciais para 90% e a de alterar a relação de alunos de graduação em cursos presenciais por professor para 18. Hoje, na UFBA, é de 13. As novas relações entre os docentes e as universidades, por sinal, são o principal foco dos opositores. Entre elas está a criação dos professores-equivalentes, um mecanismo que permitiria, por exemplo, a substituição de professor adjunto com mestrado, quando este saísse da universidade, por três professores sem mestrado em regime de 20 horas.


 


Novos docentes


 


Ainda sobre os docentes, há uma preocupação acerca das possíveis contratações previstas pela proposta da UFBA. Para Sara Reis, diretora estadual da União da Juventude Socialista e estudante de Ciências Sociais da UFBA, apesar de considerar os avanços previstos no Reuni positivos, não se pode deixar de pensar nas condições das contratações que podem vir a ser feitas. “Nós corremos o risco de haver uma precarização do trabalho docente, porque o projeto não garante que as novas contratações sejam feitas através de concurso público”, afirma.



 


Mas nada disso está decidido, já que a proposta da UFBA será submetida ao Conselho Universitário, órgão deliberativo máximo da instituição. A reunião do conselho, que é composto por representantes dos estudantes, dos docentes, dos servidores e da sociedade, acontecerá, provavelmente, na próxima semana, quando todas essas questões serão debatidas. Mas é provável que, mesmo depois da apreciação do conselho, o Reuni continue sendo tema de discussões dentro e fora da universidade.


 


De Salvador,


Rodrigo Rangel