Criador do Circo Picolino é homenageado na Bahia
A Assembléia Legislativa da Bahia homenageia,nesta sexta-feira(9/11), às 9h, o educador, artista e criador do circo Picolino, Anselmo Serrat, com o título de cidadão baiano. A iniciativa é do deputado estadual Javier Alfaya (PCdoB).
Publicado 08/11/2007 23:38 | Editado 04/03/2020 16:21
Na memória afetiva sempre há um espaço para a magia que o circo produz. Ficar na platéia e se transportar para esse mundo mágico e lúdico está no inconsciente coletivo de todas as crianças que assistem um espetáculo circense. Com Anselmo Serrat o sonho ganhou vida. As crianças entraram no picadeiro e se transformaram em personagens da história aonde eram apenas espectadores.
A Bahia reconhece o inestimável valor do trabalho educativo e cultural exercido pelo combativo e perseverante Anselmo Serrat. Sua atividade, à frente do Circo Picolino, trouxe para o cotidiano dos jovens e crianças os valores da solidariedade, espírito de coletividade e formação de uma consciência cidadã.
Anselmo Serrat nasceu no Rio de Janeiro, em 12 de agosto de 1948. Logo cedo definiu seu caminho, no mundo das artes. Trabalhou no fim da década de 1960 como fotógrafo, chegou ao cinema como diretor de fotografia, teve a sua
própria produtora, a Focus, e foi sócio da Lente Filmes. Trabalhou no cinema nos filmes: “O Rei da Vela”, “Ladrões de Cinema” e “Na Boca do Mundo”.
No início dos anos 80, em São Paulo, encontrou no circo uma linguagem com a qual se identificou de forma plena. Freqüentou a Academia Piolin de Circo e integrou o Grupo de Circo-teatro Tapete Mágico, que o trouxe para várias apresentações em Salvador: shoppings centers, clubes, praças e ruas, foi criando o desejo de continuidade, inclusive entre o público infantil.
Escola de Circo
Em 1985, Anselmo Serrat cria a Escola Picolino de Artes do Circo, uma das primeiras escolas de circo do Brasil, pioneira no Norte-Nordeste; que tem como missão: difundir e tornar as artes circenses acessíveis. No ano
seguinte, cria o Projeto Viva o Circo, montagem de espetáculos anuais, sob sua direção artística, que sintetizam a experiência do ano de aprendizado na Escola Picolino. Em 1989, Anselmo dirige o espetáculo Gran Circus Brasil,
que representou o Brasil no 4° Encontro Internacional de Circo Infantil em Voiron, França.
O trabalho ganha terreno. Além de transmitir a arte circense, contribui na formação emocional e relacional dos alunos. Anselmo viu aí uma missão maior,a possibilidade de trabalho com crianças excluídas. Experiências foram
realizadas com o Juizado de Menores, Centro de Amparo ao Menor, a Prefeitura, todas de curta duração.
Parceria com o projeto Axé
Em 1990, Anselmo ''compra a briga''; firma parceria com o Projeto Axé para atender meninos e meninas vindos das ruas de Salvador. Começo difícil, resistência, apreensão entre a equipe, apreensão entre os meninos e meninas.
A perseverança de Anselmo venceu e, desde então, o projeto criado e dirigido pelo artista-educador vem se fortalecendo como meio de recuperação da dignidade de crianças antes excluídas dos processos sociais básicos. O Circo como instrumento de transformação.
As fronteiras se alargaram. A parceria de sete anos com o Projeto Axé permitiu que cerca de 400 crianças pudessem viver o circo e se resgatar sua auto-estima. Ao longo desses 20 anos, passaram pela Picolino milhares de crianças,
de todas as etnias e classes sociais, portadoras de limitações físicas, analfabetas, estudantes. Todas apaixonadas pelo circo. Muitos cidadãos participativos, outros ainda crianças, guardam a imagem da figura singular e a certeza de que a Picolino é Anselmo Serrat. Educadores, artistas, autoridades, entidades internacionais reconhecem o valor do seu trabalho.
Anselmo é, também, o fundador da Companhia Picolino, grupo profissional de artistas, que investe na pesquisa e criação de espetáculos circenses. Como diretor, Anselmo é, hoje, um dos poucos dramaturgos de circo no Brasil, com
mais de 20 obras no seu repertório e com espetáculos premiados.
A Escola Picolino atendeu, em 2004, mais de 300 crianças e adolescentes, dentro os diversos projetos de encaminhamento social. Além de ter atingido a significativa marca de mais de 120 mil alunos da rede pública municipal de ensino, que já assistiram aos espetáculos da Cia. Picolino. Anselmo acredita e vislumbra caminhos ousados e promissores através da arte, da educação e do amor.
Fonte: Assessoria de Imprensa do deputado Javier Alfaya