Justiça tenta calar CTB no Paraná
Sociedade civil organizada condena atentado às liberdades democráticas
Publicado 06/12/2007 08:16 | Editado 04/03/2020 16:54
Uma liminar expedida no final da tarde de ontem, pela Justiça Federal de Cascavel, concedeu um “interdito proibitório” contra os membros do movimento pela redução do preço dos pedágios. A decisão proibiu lideranças populares de se pronunciarem e manifestarem livremente nas praças de cobrança da tarifa. O despacho da juíza Vanessa de Lazzari Hofmann, que atende às empresas concessionárias, também atingiu em cheio a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB). O assessor da FETIEP (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Paraná), Zenir Teixeira, um dos coordenadores da nova CTB e do movimento anti-pedágio no estado foi arrolado nesta draconiana decisão judicial.
Além de o “interdito proibitório” configurar-se num absurdo jurídico ao assediar moralmente cidadãos como o sindicalista Zenir Teixeira, constitui-se igualmente um atentado à democracia, ao direito de expressão e de ir e vir. Se as lideranças dos movimentos populares citadas liminarmente fossem vistas nos “locais proibidos” contestando aumentos nos preços das tarifas, como estava programado nesta quinta-feira 5, correriam riscos de prisão e multas individuais de R$ 8 mil por hora de protesto! (sic)
Nem o regime fardado ousou tanto quanto, reagiu Doático Santos, presidente do PMDB de Curitiba e coordenador da Frente Ampla pelos Avanços Sociais, que havia organizado manifestações nas 27 praças de pedágio nesta quinta-feira. Ele explicou que o movimento teve de ser transferido de local em virtude das ameaças e do “terrorismo judicial”.
O advogado Geraldo Serathiuk, ex-delegado regional do Trabalho, foi além ao criticar o “interdito proibitório”. Para ele, quando se está julgando um caso como o do pedágio não se está analisando o problema de um contrato individual ou de uma propriedade individual, mas sim de uma propriedade coletiva que foi concedida, que são as estradas.
O presidente estadual do PCdoB, Milton Alves, acredita que o pedágio no Paraná pode ser bem mais barato. Segundo ele, os leilões realizados recentemente pelo governo federal atestam que as tarifas atuais possuem gorduras que prejudicam a competitividade dos produtos paranaenses. “Não faz sentido uma discussão política e econômica virar um caso de desrespeito às liberdades democráticas. É um absurdo o preço dos pedágios, que aumentaram novamente nesta quinta, e a ameaça que a justiça faz aos trabalhadores e aos movimentos sociais”, afirmou ele, ao se solidarizar-se com os companheiros ameaçados pela liminar.
Apesar de ameaçado, Zenir Teixeira garantiu que “ninguém vai barrar a combatividade ou calar a CTB”. De acordo com ele, as empresas concessionárias de pedágio são mais bancas de advocacia e menos de engenharia. Elas vivem de artimanhas jurídicas para surrupiar os trabalhadores com tarifas exorbitantes. “Posso assegurar que ninguém, nem a justiça, vai barrar a combatividade ou calar a nova Central dos Trabalhadores do Brasil”, assegurou o líder Sindical.