Guiana colocou à disposição da Inglaterra 50 milhões de acres da floresta amazônica
O ministro João Clemente Baena Soares, do Ministério das Relações Exteriores, disse que a diplomacia brasileira já tem a informação de que o presidente da Guiana, Bharrat Jadeo, enviou carta ao primeiro-min
Publicado 06/12/2007 14:21 | Editado 04/03/2020 16:13
Em reunião com os parlamentares da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional (CAINDR), o ministro disse que por se tratar de um país que faz fronteira ao sul com o Brasil a situação é preocupante, “embora o governo reconheça a independência e soberania da Guiana para fazer o acordo”. Mesmo assim, João Clemente disse que o Brasil é contra esse tipo de negociação.
João Clemente Soares explicou que não possui mais detalhes sobre o teor da carta e que as informações estavam sendo obtidas pelas embaixadas brasileiras em Londres (Inglaterra) e Georgetow (Guiana). “O Brasil vai acompanhar a evolução do assunto”, disse o ministro.
Ele não acredita que o problema venha a ser discutido de imediato na Organização do Tratado de Cooperação Amazônico (OTCA), organismo do qual a Guiana faz parte junto com o Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Suriname e Venezuela. Segundo o ministro, os debates na entidade estão praticamente paralisados devido o processo de escolha do novo dirigente da organização.
A presidente da CAINDR, deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que convocou a reunião, considerou o assunto grave e disse que o debate não poderia ficar restrito ao fato da Guiana colocar à disposição de organismos internacionais a administração dos seus recursos naturais. “Além do aspecto da soberania, precisamos discutir melhor o intercâmbio econômico entre o Brasil e aquele país”, afirmou. Ela antecipou que o ministro será convidado para outra reunião na comissão quando o Itamaraty consolidar as informações sobre o assunto.
Doze parlamentares da comissão compareceram à reunião, sobretudo os da bancada de Roraima que faz fronteira com a Guiana. O deputado Neudo Campos (PP-RR), ex-governador do estado, disse que o Brasil precisava intensificar o intercâmbio comercial com aquele país como forma de melhorar sua posição diplomática.
Neudo Campos fez referência à conclusão da ponte sobre o Rio Itacutu, que ligará o Brasil à Guiana. A obra permitirá o escoamento da produção agropecuária de Roraima e dos produtos da Zona Franca de Manaus (ZFM) e ainda ao comércio dos países do Caribe.
De Brasília
Iram Alfaia