Evo acusa Estados Unidos de “conspiração internacional”
O presidente boliviano, Evo Morales, ampliou nesta segunda-feira (10) sua denúncia sobre uma “conspiração internacional”, liderada pelos Estados Unidos, e comemorou a aprovação do novo texto constitucional. Ao mesmo tempo, disse não temer aos que se opõem
Publicado 10/12/2007 19:15
“Há uma conspiração internacional, com a liderança dos Estados Unidos, mas vamos seguir lutando para mudar a Bolívia. Ontem ganhamos uma batalha”, afirmou, em coletiva de imprensa em Buenos Aires, em referência à nova Carta Magna aprovada pela Assembléia Constituinte. Evo – que viajou à Argentina para a posse de Cristina Kirchner na Presidência e para a criação do Banco do Sul – explicou ter convocado a coletiva para contar o que está acontecendo em seu país.
O governante pediu a Washington que respeite as democracias. “Que seu embaixador faça diplomacia e não venha conspirar em meu país”, exclamou Morales. Nesse contexto, revelou que os líderes de Potosí lhe pediram uma reunião de urgência na casa de Governo para lhe dizer que a ONG Oxfam se ofereceu para financiar programas de US$ 20 mil se retirassem seu apoio ao presidente. “E o dirigentes disseram 'não'”, contou.
Perguntado sobre o que vai acontecer se algumas regiões, assim como anunciaram, proclamarem a autonomia em oposição à nova Constituição, o presidente disse: “Não são regiões, mas alguns líderes dessas regiões, e gostaria que isso ficasse claro, porque algumas agências nacionais informam mal sobre isso”. Também explicou que, “quando nos ocupamos das demandas sociais, dos pobres, algumas famílias que sempre governaram nas ditaduras, sempre, não o aceitam”.
Evo fez referências ao Banco do Sul como seu sonho para a criação de uma moeda comum regional, e elogiou seu colega venezuelano, Hugo Chávez, a quem definiu como um democrata. “Se Chávez fosse um ditador, não teria colocado em questão o que pensa. Mas não – colocou-o e isso fortalece a democracia”, comentou, ao ser perguntado a respeito do referendo sobre a reforma constitucional recusada no domingo 2 de dezembro.
Sobre a nacionalização dos recursos naturais, o presidente boliviano destacou que quando assumiu a Presidência, em 2005, a renda gerada pelo gás era de menos de menos de US$ 300 milhões ao ano. Depois, na nacionalização, passaram para US$ 2 bilhões.
“Buscar a igualdade, a justiça, para alguns grupos oligárquicos, é um pecado. Há grupos que não querem perder privilégios com base na corrupção”, ressaltou em clara alusão ao establishment da Bolívia, que agora se expressa por meio dos chamados “comitês cívicos”, que se opõe a Evo.