Tortura em prisão: governo dos EUA pressiona New York Times
O governo dos Estados Unidos pressionou nesta quarta-feira (19) o diário The New York Times para que o jornal mude sua versão sobre o papel da Casa Branca na destruição de vídeos que mostravam torturas contra prisioneiros.
Publicado 19/12/2007 21:11
Um comunicado do gabinete oval exigiu que o periódico reformulasse sua história sobre o assunto, ao comentar que “a conclusão do New York Times de que há um esforço para confundir, neste tema, é perniciosa e penosa”.
Segundo o diário, pelo menos quatro assessores da Casa Branca mantiveram conversações com membros da Agência Central de Inteligência (CIA) entre 2003 e 2005, sobre a possibilidade de destruir as fitas que mostram interrogatórios de supostos membros da rede al-Qaida.
“Essas conversas confirmam um envolvimento maior por parte da administração republicana que a conhecida até o momento”, sublinha o jornal, que cita funcionários da CIA não identificados.
O NY Times comenta que, entre os participantes dessas reuniões, estava o principal assessor da Casa Branca até 2005 e, em seguida, Procurador-geral, Alberto Gonzales, que renunciou ao cargo recentemente.
Também assistiu David Addington, assessor do vice-presidente Richard Cheney, John B. Bellinger III, até janeiro de 2005 assessor do Conselho de Segurança Nacional, e Harriet E. Miers, que sucedeu Gonzales como o mais importante assessor legal do governo.
Uma das fontes teria dito ao diário que funcionários da Casa Branca apoiaram a destruição dos vídeos, mas outra fonte teria dito o contrário.
A publicação indica que a CIA, o executivo e o escritório do vice-presidente se negaram a fazer comentários sobre o tema.
Um juiz federal ordenou ontem a celebração de uma audiência para investigar se a destruição desses vídeos violou uma ordem para preservar as provas em uma demanda a favor de um grupo de prisioneiros do campo de concentração da base naval de Guantânamo, zona ilegalmente ocupada no sudeste de Cuba.