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Crise nos EUA ultrapassa 'subprime' e ameaça sistema financeiro

Até agora relativamente restrita aos empréstimos mais arriscados, chamados “subprime”, a crise imobiliária americana se estende progressivamente para outras categorias de empréstimo, ameaçando o mercado financeiro.

“O nível elevado da falta de pagamento e de embargos imobiliários não é limitado aos 'subprime'”, afirmou o presidente do Federal Reserve dos Estados Unidos (Fed), Ben Bernanke, na semana passada.



A agência de classificação Standard and Poor's indicou na última quinta-feira (20) que a taxa de inadimplência dos empréstimos considerados “Alt-A” – categoria situada entre a subprime (arriscada) e a prime (pouco arriscada) – estava em forte alta em fevereiro.



A atribuição dos empréstimos “Alt-A” é essencialmente baseada no histórico de pagamentos. Para isso, o exame não deve revelar incidentes em pagamentos prévios, condição não requerida pelos “subprime”.



Segundo a Standard and Poor's, a taxa de inadimplência nos empréstimos “Alt-A” emitidos em 2007 alcançou 10% em fevereiro, um aumento de 14% em relação a janeiro.



O outro “fator de efeito retardado” sobre os 'subprime' diz respeito à estrutura destes empréstimos, que frequentemente permitem fixar mensalidades baixas durante os primeiros meses ou primeiros anos.



Já que as baixas cotas iniciais não impediram o aumento do montante e devido à tendência de redução dos preços imobiliários, cada vez mais residências devem ficar nessa situação.



“Para uma família modesta, se trata de muito dinheiro”, disse Mark Adelson, do escritório Adelson and Jacob Consulting.



Da mesma forma que ocorreu no caso dos “subprime”, a deterioração do mercado dos “Alt-A” está se transmitindo para os mercados financeiros.



Em 6 de março, a agência Fitch situou 160 bilhões de dólares em títulos associados aos empréstimos “Alt-A” sob vigilância negativa, o que implica que planeja reduzir estas notas.



Em caso de queda da avaliação desses títulos, os bancos que ainda os têm ficariam obrigados a passar novas depreciações nos ativos.



“Há uma possibilidade razoável de que a queda no mercado dos 'Alt-A' desencadeie uma nova onda de depreciações”, afirma Adelson.



A grande queda da nota da Moody aos títulos associados aos “Alt-A” em poder do Banco Bear Stearns, em 10 de março, foi um dos fatores que levou aos seus recentes problemas.



A decisão – anunciada na quarta-feira – da autoridade de regulação dos gigantes americanos do refinanciamento hipotecário 'Fannie Mae' e 'Freddue Mac' de lhes permitir garantir novos empréstimos poderia dar um novo fôlego aos “Alt-A”.



“Possuem uma margem de manobra, mas não são tantos”, diz Adelson.



“No final das contas, são empresas privadas, e sua missão não é perder o dinheiro dos acionistas”, acrescentou.



Fonte: UOL