Alberto Dines acovarda-se diante do caso iG-Conversa Afiada
O recente episódio de “despejo” do site Conversa Afiada do portal iG continua gerando muito debate na blogosfera. Mas para surpresa de muitos leitores, alguns jornalistas e veículos de comunicação que teriam a obrigação de se pronunciar sobre o assun
Publicado 22/03/2008 15:32
O jornalista Alberto Dines, que mantém o Observatório da Imprensa (hoje hospedado no portal iG), assumiu há pouco mais de uma década a tarefa de “observar” a imprensa. No início, exercia a função com alguma dignidade, fazendo críticas justas aos excessos da mídia hegemônica. Ele mesmo já foi demitido de publicações, como foi o caso do Jornal do Brasil, por ter escrito algo que não agradou aos patrões. De uns anos para cá, porém, Dines foi, aos poucos, transformando sua tarefa à frente do Observatório. Abdicou do exercício de observador e passou a se apresentar, na prática, como um nebuloso defensor da imprensa e dos abusos que ela comete em nome da “liberdade de expressão”.
Apesar de algumas críticas contundentes como a que fez às Farc, Dines não se encaixa no perfil do jornalista comprometido com a campanha anti-esquerda que cada vez mais absorve as grandes redações. Mas, sempre que pode, Dines defende escorregões éticos da mídia. E não se cansa de dizer que o governo reclama à toa das pressões da imprensa. “O que pode acontecer é que a mídia pode ser vítima do governo, mas nunca o contrário”, chegou a dizer Dines numa entrevista.
Agora, com o ruidoso episódio envolvendo o jornalista Paulo Henrique Amorim, cujo site Conversa Afiada foi sumariamente despejado do portal iG, Alberto Dines novamente age como defensor da mídia.
Inicialmente, calou-se, fingindo que o problema não tinha relação com sua tarefa de “observar” o que ocorre nos meios de comunicação — e, neste caso, calou-se diante de um problema ocorrido no próprio portal no qual escreve, o que torna o silêncio aionda mais constrangedor.
Após ser pressionado pelos leitores do Observatório a se pronunciar, Dines finalmente escreveu alguma coisa a respeito da peleja. Mas a covardia falou mais alto. Nos míseros cinco parágrafos de um texto intitulado “O bonapartismo de araque e a lei da selva”, o veterano jornalista foi incapaz até mesmo de tocar no assunto de forma direta. Simplesmente não existem, no curto texto de Dines, as palavras “Conversa Afiada”, “iG”, “Paulo Henrique Amorim”. Mas até o mundo mineral –como diria Mino Carta– sabe do que Dines está falando.
No texto, ele reclama de forma indireta da “patrulha” que o obrigou a escrever sobre o assunto e afirma que o 'Observatório da Imprensa não é um tribunal, é um fórum, e este observador não se considera juiz nem emite sentenças. Opina em um site pluralista que funciona ininterruptamente há 12 anos”.
Em seguida, faz um ataque velado a Paulo Henrique Amorim ao afirmar que “considera o jornalismo dito 'engajado' – à direita ou à esquerda – como mau jornalismo, porque contraria todos os compromissos da imprensa com a sociedade: confunde a busca da verdade com um bonapartismo de araque e troca o esclarecimento pelo justiçamento sumário”.
Depois, cita o episódio em que o Observatório da Imprensa foi convidado a se retirar do UOL para tentar dizer que também já foi vítima de situação semelhante à que sofreu o site Conversa Afiada.
Por fim, sugere, sem citar nomes, que demissões como a de Paulo Henrique Amorim mereciam pelo menos um “aviso prévio'. Mas de solidariedade ao jornalista censurado ou condenação ao portal censor, nenhuma palavra. Apenas a contatação de que o fato faz parte da “lei da selva”.
Até a tarde deste sábado, a mensagem cifrada de Dines havia recebido cerca de 70 comentários. A quase totalidade deles de reprovação às palavras do editor do Observatório.
Confira abaixo alguns destes comentários. Eles falam por si só sobre a postura de Dines diante do caso iG-Conversa Afiada:
“Será que o Sr. Alberto Dines gostaria de ser demitido nas mesmas condições? Dizem que os mineiros só são solidários no câncer, mas os jornalistas não são solidários nem quando demitidos sem aviso prévio!…” José Orair Silva , Belo Horizonte – MG-MG – Bancário
“Me desculpe, Dines, mas você falou, falou e não disse nada. E que “pluralismo” é esse onde você diz que o jornalismo à direita ou à esquerda é intrinsecamente mau? O comentário sobre o aviso prévio é simplesmente inócuo, uma vez que o mesmo não foi cumprido, no caso de PHA. Finalmente, é triste ler essa “tomada de posição” que não tem posição nenhuma. Quando tolhem a liberdade de expressão em qualquer lugar do mundo ou empastelam algum jornal, vocês sempre se manifestam. Contra. Por que não fazem a mesma coisa, explicitamente, com o PHA?” Paulo Fessel , São Paulo-SP – Analista de Sistemas
“Lei da Selva. Na mosca. Que sirva para alguns momentos de reflexão dos colegas. Imaginar teclar o endereço de sua publicação e… não encontrá-la mais. É de arrepiar. Geralmente não concordo e sou muito crítico com o Paulo Henrique Amorim. Mas esse golpe, pelas costas, simplesmente o fará mais forte. Que bom que funciona assim”. Thomaz Magalhães , são paulo-SP – Jornalista
“Alberto Dines saiu pela tangente, e não sei se não deveria ter feito isso, pois já foi demitido do Jornal do Brasil e da Folha e sabe como são truculentos os realistas patrões dos últimos românticos. Não disse nada sobre liberdade de expressão. Como bom tucano, ficou em cima do muro, pois também sabe como são truculentos os tucanos, especialmente José Serra. A demissão de PHA mostra como os jornalistas se iludem: acham que têm poder, quando, na verdade, são apenas empregados. PHA ainda tem dinheiro e, agora, cacife, para se manter. Mas, quem não tem, como fica? Fica cumprindo ordens de demos-tucanos e delegados brunos. Fica com a certeza de que faz parte de um fórum, e, não, de um tribunal. Fica sabendo que não é juiz nem pode emitir sentenças, sob pena de ser sentenciado”. Rogério Ferraz Alencar , Fortaleza-CE – ATRFB
“Está correto Dines quando diz que o Observatório da Imprensa não é um tipo de Corte para as grandes questões da imprensa brasileira. Mas não se busca aqui sentenças. Buscamos opinião, reflexão e debate. Pode-se considerar “mau jornalismo” não apenas o “jornalismo engajado” de Paulo Henrique Amorim e congêneres, mas diversos outras práticas comuns na mídia tupiniquim. No entanto, a liberdade de exercício do mau jornalismo é parte inerente e conseqüência inevitável da liberdade de imprensa, da qual não se questiona o valor maior (…) No entanto, a MANEIRA com que o contrato foi rompido – sem prévio aviso aos leitores, com sequestro dos arquivos de conteúdo, com a pura e simples supressão do espaço meses antes da data do vencimento do contrato – já configura uma violência contra a livre expressão de idéias e um precedente perigoso no mundo virtual. Basta imaginar esse Observatório extinto do dia para a noite e todo o seu conteúdo (acumulado em anos de debates e contribuições) simplesmente apagado dos discos rígidos do provedor. Na minha opinião, é NESSE DEBATE que o OI deve concentrar seus esforços. E discutir o tema em cima do caso concreto – onde os protagonistas têm nome, sobrenome e razão social – e não como idéia abstrata. No texto acima Alberto Dines consegue falar sobre o assunto sem citar uma única vez o nome do Paulo Henrique e o do Portal IG. Concordo com quem acha que o Observatório não está dando a importância devida ao episódio.”André Borges Lopes , São Paulo-SP – Consultor em Tecnologia Gráfica
“Caro Dines, Pior do que o jornalismo engajado, seja ele à esquerda ou à direita, é o jornalismo engajado que se diz imparcial. Este confunde o leitor quando defende interesses escusos à luz da imarcialidade. Há de se distinguir, todavia, jornalismo de opinião. O que distingue o PHA neste universo é exatamente o fato de ele deixar claro as suas preferências, a ponto de nomeá-las. Sabendo do seu viés declarado, posso escolher lê-lo ou não. Em tempo, vou abster-me de acessar conteúdos do IG, o que lamentavelmente inclui este OI”. Cassio Muniz , EUA-IN – Professor
“Realmente, lendo certos arquivos do OI nota-se o “não-engajamento”… De minha parte, continuarei sendo meu próprio Observatório da Imprensa e de quem diz observá-la. O que houve no caso de PHA, de quem sequer sou admiradora, não é uma questão de engajamento mas de truculência fascista, de queima de conteúdo, ou seja, similar a queima de livros por regimes autoritários. Não se insurgir contra isso é, no mínimo, estranho.” Maria Luiza Teixeira , SP-SP – Psicóloga
“Lamentável o posicionamento evazivo do OI diante do caso truculento que envolve a saída de PHA. Interessante que no caso da emissora venezuelana que apoiou o golpe contra Hugo Chavez, esse Observatório que se considera “Fórum” e não “Juiz” tomou de pronto uma posição crítica em relação a atitude do governo venezuelano defendendo a “liberdade de imprensa” como bem inalienável. Pois bem, é está a liberdade de opnião que vocês defendem… Uma vergonha!!!” Cadú Freitas , Natal-RN – Sociológo
“Afinal para que serviu este comentário do Dines ? Belo papo amarelo carregam todos os Tucanos.” Miro Junior , Sao Paulo-SP – Analista
“Não frequentava o blog de PHA (agora, até fiquei com vontade de conhecer) mas soube da atitude do IG. Absolutamente injustificável, indefensável e fora de parâmetros éticos. Também esperava do OI uma manifestação mais contundente sobre o caso, com nome e sobrenome.” Fabiana Tambellini , São Paulo-SP – comerciante
“… este é um texto sobre Paulo Henrique Amorim e o iG. Entretanto, releia se quiser, o texto não menciona o iG ou Paulo Henrique Amorim. Covardia em jornalisto pode ser tão abjeta quanto o engajamento a que se referiu o autor, em uma generalização com que não concordei. Aliás, sugiro que o próprio autor leia um texto seu neste Observatório lamentando que não houvesse um Borat para tirar sarro to Lula, por exemplo, entre outros daqueles tempos difíceis. Melhoras para você, caro jornalista, melhoras, que ainda anseio o momento em que as feridas dos idos de 2006 se curem'. Tiago de Jesus , SP-SP – analista de sistemas
Albeerto Dines prá variar adora tergiversar sobre assuntos que de certa forma incomodam os poderosos da mídia e por tabela quem se sente contrariado, tendo em vista que PHA tem posições assumidas de forma contundente, este textinho aí em cima é prova inequívoca desta análise politicamente correta do articulista. Isto revela o prefil politicamente correto assumido por este observatório que de forma covarde não sai em defesa de um jornalista defenestrado pelo poder (?). Até quando vai perdurar esta hipocrisia patrocinada pelo site e também chancelada pelos milhares de internautas que lhe dão audiência, vamos iniciar imediatamente uma campanha de boicote ao IG, a internet é a última porta para um jornalismo independente. ” kleber Carvalho , B.H.-MG
Quem quiser ver a lista completa dos comentários, acesse:
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=477JDB005