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TV Brasil terá corregedoria para apurar denúncia da 'Folha'

O Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), mantenedora da TV Brasil, criará uma comissão de corregedoria, formada por um relator e dois outros integrantes. Caberá à nova instância analisar as denúncias de ingerência por parte do Palácio

Em matéria assinada pelo colunista Daniel Castro, o ex-editor do jornal Repórter Brasil, Luiz Lobo, conta que teve de submeter seus textos a uma jornalista casada com um assessor da presidência. Segundo a assessoria da TV Brasil, no entanto, Lobo foi demitido por se recusar a assinar contrato de trabalho e por chegar às 16 horas, quando seu cargo pedia que chegasse antes.


 


“Já enviei um comunicado aos demais conselheiros e formaremos a comissão em 24 horas”, explicou o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, diretor do Conselho Curador. “Vamos ouvir as duas partes – a diretoria da empresa e o demitido -, para decidir o que fazer. Não podemos tomar esta decisão baseados só na matéria do jornal”, acrescentou Belluzzo. Ainda não estão definidos data e local onde se dará a audiência.


 


Na reportagem da Folha, Lobo diz que teve vários textos revisados por Jaqueline Paiva, chefe de telejornais, que é casada com Nelson Breve, secretário-adjunto para imprensa da Presidência da República. “Não podíamos falar em dossiê, mas em 'levantamento sobre uso dos cartões'. Depois, a orientação era falar 'suposto dossiê'.”


 


Outro caso citado pelo jornalista foi a derrubada da CPMF. “Fizemos uma reportagem falando que a verba do SUS acabaria antes do fim do ano. A Helena (Chagas, diretora de jornalismo da EBC) me chamou na sala dela e disse que era um absurdo uma matéria daquelas ir ao ar, porque em nenhum momento mencionava a falta dos bilhões da CPMF”, conta.


 


O ex-editor-chefe afirma ter relatado a interferência ao diretor-geral da EBC, Orlando Senna. “Recebi um e-mail do Lobo e levei a questão para a diretoria da empresa, quando já havia a decisão da diretoria de jornalismo de dispensá-lo”, declarou Senna ao Comunique-se. “O que está no jornal será analisado pelo Conselho. Da nossa parte, foi uma decisão interna da empresa.”


 


À Folha, Helena Chagas disse que o Repórter Brasil deu matérias sobre o dossiê todos os dias. “O que a gente faz não é chapa-preta nem branca. É jornalismo”, afirma. Ela argumenta que tanto o uso dos termos “suposto dossiê” quanto o complemento da informação sobre a CPMF são observações estritamente jornalísticas.


 


Jaqueline Paiva é uma profissional experiente, que trabalhou com Helena no SBT e já passou por Record e Globo. Declara-se “uma mulher de televisão” e garante: “O que mais gosto é de notícia. À Folha, disse que nunca fechou um texto “sem o editor junto”.


 


Abaixo, o leitor pode acompanhar uma das primeiras notícias da TV Brasil sobre o suposto “dossiê FHC” e analisar, por conta própria, se a emissora foi tendenciosa em favor do governo.


 





 


Da Redação, com Comunique-se e agências