Socorro Gomes: ''um dos maiores desafios em minha vida''
A brasileira Socorro Gomes, presidente do Cebrapaz, eleita presidente do Conselho Mundial da Paz nesta sexta-feira (11) em Caracas, na Venezuela, destacou em seu discurso após a eleição que seu novo papel ''é um dos maiores desafios que assumi em minha
Publicado 11/04/2008 15:54
Leia abaixo a íntegra do discurso de Socorro Gomes:
Queridas companheiras, queridos companheiros
1 – Para mim é uma grande honra proferir o discurso inaugural da Conferência Mundial da Paz, na condição de presidenta do Conselho Mundial da Paz. É uma missão para a qual há muitas companheiras e companheiros na vastidão do movimento pela paz no mundo, nas fileiras do nosso Conselho Mundial da Paz estão em melhores condições de desempenhar. É um dos maiores desafios que assumi em minha vida de militante das causas mais nobres da humanidade, em muitos combates e batalhas pela liberdade, a democracia, a soberania das nações, os direitos humanos em toda a sua plenitude, a justiça e o progresso social, a solidariedade entre os povos e a paz, por uma sociedade fraterna, por um mundo que seja apanágio e agasalho de uma humanidade livre de todas as cadeias da opressão.
2 – Nesta Caracas, que é o berço de libertadores, na data em que a Venezuela Bolivariana dirigida pelo presidente Hugo Chávez celebra a semana do bravo povo, assumo perante vocês o compromisso de dedicar o máximo das minhas energias e o melhor do que aprendi da experiência de lutas do povo brasileiro à causa do Conselho Mundial da Paz, que é a causa de todos os povos. Agradeço a confiança e expresso a minha convicção de que contarei com o amparo do coletivo, com o esforço de todas as organizações e pessoas que integra o CMP, nomeadamente o companheiro e amigo Atanásio Pafilis, secretário-geral reeleito na Assembléia encerrada ontem. A nossa causa, o bem comum e coletivo, só será alcançada coletivamente, com esforço e a contribuição de todos.
3 –Nesta ocasião – e creio nisto estar falando em nome de todos – quero expressar o agradecimento ao companheiro Orlando Fundora que conduziu com talento, discernimento e dedicação o Conselho Mundial da Paz desde a anterior Assembléia, em 2004, até aqui. O companheiro Fundora nos aportou, além da sua experiência pessoal, de inestimável valor, a força e a garra do povo cubano e de sua gloriosa Revolução. Quero agradecer também aos nossos anfitriões do COSI, especialmente seu presidente e seu secretário-geral, os companheiros Fermin Toro e Yul Jabur e toda a sua abnegada equipe, sem cujo esforço e dedicação o êxito deste evento não seria possível.
4 – Companheiras e companheiros. A causa pela qual lutamos – a paz e um mundo sem guerras nem agressões imperialistas – é nobre e elevada, mas o caminho que a ela conduz é complexo e tortuoso. Conquistá-la exigirá luta, sabedoria, desprendimento e abnegação. Não queremos a paz dos cemitérios, nem muito menos a paz dos vencidos ou dos rendidos. Ao longo da história da humanidade e sobretudo na sociedade contemporânea há forças poderosas que atuam no sentido contrário ao das liberdades e da paz, que impõem pela força das armas e pelo flagelo das guerras os seus interesses de rapina sobre os povos.
5 – A Assembléia dos últimos dois dias e a Conferência que ora inauguramos se realizam nos marcos de uma situação mundial marcada pelas guerras de agressão, a insegurança, a instabilidade, os desequilíbrios sociais entre países ricos e pobres. O direito internacional foi amesquinhado, transformado em letra morta. As Nações Unidas são cada vez mais esvaziadas de sua função precípua de fazer valer o direito internacional e dirimir pacificamente os conflitos internacionais e, ao contrário, são instrumentalizadas pelo imperialismo estadunidense em seu afã de exercer unilateralmente seu domínio sobre o mundo. Nunca, no transcurso da história, houve tantas violações ao princípio da soberania nacional, à segurança internacional, aos direitos dos povos.
6 – O sistema de dominação prevalecente tornou-se a tal ponto insano e criminoso, que ameaça a própria sobrevivência da humanidade. E em nome de quê¿ Em nome da manutenção de um sistema insustentável, como disse o companheiro Fidel. Em estudo feito recentemente por dois estadunidenses ilustres – Josef Stiglis e Linda Bilmes – assinala-se que os Estados Unidos já gastaram 6 trilhões de dólares com a guerra ao Iraque. Todos os meses os Estados Unidos desembolsam 16 bilhões de dólares em custos correntes para as guerras do Iraque e do Afeganistão, alem dos 439 bilhões de dólares do orçamento do departamento de Defesa. Enquanto isso, bilhões de seres humanos vivem em condições da mais extrema miséria. Certamente que com essas colossais somas que financiam a guerra seria possível investir no combate as chagas sociais em todo o mundo e na própria sociedade norte-americana, onde e cada vez maior o fosso entre ricos e pobres. E por estas razoes que entendemos que a luta pela paz e indissociável da luta pela eliminação da pobreza e da miséria, da luta para promover o desenvolvimento econômico e social e promover a justiça e o progresso social. No fundo, a conquista da paz esta relacionada com o advento de um superior ordenamento da sociedade.
7 – A atual doutrina política que rege as ações do imperialismo estadunidense acarretou graves impasses políticos no sistema internacional. Primeiramente, tornou o mundo mais inseguro, violento e antidemocrático. Ao proclamar a guerra permanente e as guerras preventivas para supostamente combater o terrorismo, o imperialismo estadunidense elegeu como principais instrumentos para fazer valer os seus interesses o terrorismo de estado, a militarização do planeta e as guerras de agressão.
8 – Companheiras e companheiros. A missão do Conselho Mundial da Paz e precisamente contribuir com suas lutas e campanhas para inverter esta tendência nefasta. E ajudar as forcas políticas e sociais a marcharem no compasso da época atual, o que significa abrir caminho para dar livre curso a tendência que afinal prevalecera que e a construção de um mundo de paz e prosperidade para toda a humanidade. Apostamos na vocação libertadora do ser humano, na evolução da espécie , no progresso do mundo.
9 – A Assembléia de Caracas do Conselho Mundial da Paz nos deu elementos de convicção e otimismo histórico, pois passando em revista o quadro internacional, os informes das organizações nacionais e das instancias regionais aqui reunidas, percebemos que muito embora o imperialismo estadunidense seja inexcedível na perpetração de tropelias e crimes de lesa-humanidade, não é invencível e pode ser derrotado.
10 – Em todo o mundo, a partir da nossa América rebelde, despertam os sinais de um novo tempo, com a ampliação e intensificação das lutas libertadoras e a constituição de governos democráticos, progressistas e revolucionários. No Oriente Médio, a estratégia norte-americana fracassa rotundamente, mercê do heroísmo e da resistência dos povos do Iraque, Afeganistão, Líbano, Palestina, Ira e Síria. Na Ásia, fortalecem-se modelos alternativos de desenvolvimento com o advento da China como forca econômica e política emergente no cenário internacional, com a luta pela desnuclearizacao da Península Coreana e contra a imposição ao Japão de uma aliança militar com os Estados Unidos. Na Índia, o grande povo aquele pais condena o acordo nuclear com os Estados Unidos. No continente europeu, cresce o clamor contra as armas nucleares, as aventuras bélicas da OTAN e a instalação do escudo antimísseis. Na África, multiplicam-se os movimentos para vecer o atraso, o subdesenvolvimento e superar as chagas abertas pelo colonialismo e o neocolonialismo. [E um quadro novo, em ebulição que se desenvolve em meio a manifestação da evidencia da decadência e insustenabilidade da economia parasitaria estadunidense. Temos agora redobrada convicção de que em contraste com o período de trevas imposto a humanidade pelas políticas do imperialismo estadunidense, encontramo-nos no limiar de uma nova primavera dos povos.
11 – Temos, pois, companheiras e companheiros, razoes para apostar na possibilidade de crescimento e desenvolvimento da atividade do CMP . O CMP pode e deve converter-se num pólo aglutinador de forcas sociais e políticas progressistas e uma destacada forca da luta antiimperialista. Saímos desta Assembléia com a convicção de que o CMP pode desempenhar destacado papel nesse movimento e tornar-se uma forca propulsora da denuncia, da contestação, da resistência e da luta contra a militarização do mundo e a guerra imperialista. Ao fortalecer nossas convicções a Assembléia do CMP e a Conferencia que agora inauguramos nos mostram também que e possível avançar no trabalho do CMP com iniciativas audaciosas, imprimir em nossas ações caráter de massas e de trabalho unitário com todos os que estejam imbuídos de que necessário derrotar o imperialismo e suas políticas de guerra. E possível unir amplas forcas na luta contra as bases militares, contra as armas nucleares, pela retirada imediata das tropas de ocupação e em solidariedade a todos os povos agredidos pelo imperialismo.
12 – Companheiras e companheiros. Deixamos Caracas, que nos acolheu com tanto carinho e numa atmosfera de combate antiimperialista, profundamente convencidos de que o Conselho Mundial da Paz e uma organização indispensável para os destinos dos povos. Por isso o seu fortalecimento e uma exigência de nossa época. E nesse esforço que estaremos empenhados.
Viva a luta pela Paz, contra a guerra imperialista!
Viva a solidariedade entre os povos!
Viva o Conselho Mundial da Paz!
Muito obrigada
Leia também: Brasileira eleita presidente do Conselho Mundial da Paz