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Fisl abrigará conferência livre de juventude

O 9º Fórum Internacional de Software Livre (Fisl), que acontece de 17 a 19 de abril no Campus da PUC, em Porto Alegre (RS), abrigará uma conferência livre no dia 19 como parte da Conferência Nacional de Juventude. Sérgio Amadeu, Danilo Moreira e Sady Jaqu

O Brasil se apresenta como um dos países com maior número de desenvolvedores de software livre, segundo um estudo apresentado em Bruxelas, no 2º Workshop Internacional do projeto FLOSSWorld, em Bruxelas. Dentre os mais de 500 participantes da pesquisa, a média de idade ficou nos 29 anos.


 


Para além da área de desenvolvimento, temos uma gama incomensurável de jovens na área da cultura livre, entre produtores, músicos, artistas e ativistas. Sem deixar de contar as diversas pessoas que hoje são atendidas por projetos de inclusão digital que se utilizam de ferramentas livres para a capacitação e autonomia tecnológica de pessoas que, na maioria das vezes, buscam um melhor aprimoramento para o mercado de trabalho.


 


Apesar deste dado positivo, políticas públicas voltadas para a juventude que levem em conta a questão do software livre e sua filosofia são mais que demandas, são necessidades colocadas para um país que enfrenta uma enorme desigualdade social, onde as tecnologias digitais ainda não estão democratizadas.


 


Reduzir o fosso digital


 


As tecnologias determinantes para os países sempre estiveram restritas a uma pequena parcela da população, que por privilégio econômico, cultural ou político, puderam desfruta-las e utiliza-las para a manutenção de uma hierarquia de acesso ao conhecimento e a dependência tecnológica.


 


O software livre tem a capacidade de quebrar esta lógica vertical de acesso a bens informacionais em uma era em que a circulação e a troca de informações se tornou horizontalizada através das redes.


 


Porém, para isso é necessário reduzir o fosso digital que separa uma imensa maioria de brasileiros que ainda não tiveram acesso mínimo aos bens digitais. É preciso que as redes cheguem as pessoas, que a cultura digital seja circulante e incorporada como um “saber fazer” da juventude que pode, como geração contemporânea, reconstruir modos de fazer cultura, economia e relações sociais.


 


Ou seja, num país onde mais de 80 milhões de pessoas tem acesso a telefonia móvel, menos de 30 milhões tem condições de falar, as outras são meras ouvintes, reproduzindo a cultura do 'broadcasting' já experimentada por muito tempo com a monopolização dos veículos televisivos.


 


A Internet, hoje, já preocupa este modelo monolítico de comunicação e distribuição de informação, mas ainda está pouco acessível, a menos de 20% da população.


 


Políticas públicas digitais


 


Nesse sentido, políticas públicas são necessárias para expandir o raio de abrangência das tecnologias digitais, criando uma cultura de rede, para que pessoas possam trocar informação, códigos, cultura, experiências de vida.


 


Já existem diversos destes programas em ação, como os Pontos de Cultura, Casa Brasil e Computador Para Todos. Já produziram efeito, tanto que no ano passado a venda de computadores bateu o número de televisores vendidos. O número de pessoas que pelo menos já entraram em contato com a Internet pelo menos uma vez, chegou perto dos 40%.


 


Mas é preciso avançar mais, enquanto não se inverter o percentual de excluídos digitais ainda não se terá condições de inverter a ordem natural do desenvolvimento centralizado de tecnologia, informação e cultura.


 


É com esse objetivo que a Associação de Software Livre (ASL.org) realiza uma conferência livre de juventude, no dia 19 de Abril, dentro da programação dos Fisl, para discutir novas perspectivas de políticas públicas para juventude.


 


A ASL faz parte do Conselho Nacional de Juventude desde dezembro, onde contribui na temática de Tecnologias da Informação e Comunicação. As conferências livres são uma modalidade aberta de discussão e levantamento de temas para que possam ser referendadas na Conferência Nacional de Juventude, que acontecerá entre o dia 28 a 30 de abril. O Conselho de Juventude é composto por 60 membros, onde dois terços são da sociedade civil.


 


No final da cobferência livre, será elaborado um relatório de demandas a ser encaminhada para a Conferência Nacional.


 


Serviço:
Conferência Livre de Juventude: políticas públicas para autonomia tecnológica e cultural
Quando: 19 de abril
Onde: Fisl 9. PUC. Sala Andrew Tanenbaum (Sala 40A), PUC-POA (RS)
Horário: das 11h às 12h
Convidados:


 


– Sérgio Amadeu da Silveira, Sociólogo e Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. É professor pós-graduação da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero. Autor de várias publicações, entre elas: Exclusão Digital: a miséria na era da informação. Foi presidente do Instituto Nacional de Tecnologia e implementou diversos programas de inclusão digital, como o Programa Computador Para Todos.


 


– Danilo Moreira, é atualmente o Presidente do Conselho Nacional de Juventude, tendo atuado em diversas organizações juvenis.


 


– Sady Jaques, é Coordenador-geral da ASL.org e também já coordenou a rede de Telecentros de Porto Alegre.


 


– Everton Rodriges, Consultor e Técnico em tecnologias livres, trabalhou como assessor comunitário na Prefeitura Municipal de Porto Alegre no Núcleo de Políticas Públicas para a Juventude, no Projeto Telecentros e no Projeto Estúdio Multimeios. Trabalhou na Implementação Social e Técnica do Projeto Casa Brasil Petrobras/ITI/Rits nos Estados do RS, SC e PR. Atualmente trabalha na Coordenação Nacional do Projeto Casa Brasil.


 


De Porto Alegre (RS),


Por Fabrício Solgna