Alimentos mais caros podem atrasar Rodada Doha, diz Amorim
A alta dos preços mundiais dos alimentos vem sendo citada na Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) como uma brecha para a redução do protecionismo dos países ricos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, chegou a definir
Publicado 23/04/2008 10:17
Na avaliação do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a valorização das commodities agrícolas faz com que alguns países recuem no que estavam dispostos a ceder, há um ano, por meio de um acordo na Rodada Doha.
“O preço que as pessoas talvez estivessem dispostas a pagar há cerca de um ano para obter um determinado resultado hoje em dia já não é mais o mesmo, porque não vêem um ganho imediato”, ponderou Amorim. “Quem tem uma visão de longo prazo sabe muito bem que essas coisas são cíclicas e que os anos de vacas gordas não vão durar para sempre, mas as pessoas tendem a olhar seus interesses mais imediatos”, avaliou o chanceler após reunião bilateral com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, em Acra.
O chanceler lembrou, ainda, que o mandato da rodada só inclui a eliminação do apoio financeiro à exportação de produtos agrícolas. O fim dos subsídios domésticos não estão em pauta na negociação – apenas sua redução. “Infelizmente, quando estávamos negociando o mandato de Doha, ainda no governo anterior, essa questão não estava sobre a mesa, os preços dos alimentos não tinham atingido o nível que atingiram hoje”, explicou.
Amorim garantiu que ele e Lamy continuam otimistas quanto à conclusão da rodada, que já dura sete anos, mas contou ter expressado algumas preocupações ao diretor-geral da OMC, na reunião de hoje. O chanceler ponderou que os países em desenvolvimento precisam ter uma percepção de ganho real e imediato para que seja possível o fechamento das negociações.
“Do ponto de vista mais imediato, hoje você dizer que os Estados Unidos vão fixar o total de seus subsídios em US$ 13, US$ 14 ou US$ 15 bilhões não soa como uma grande vantagem num ano em que estão gastando US$ 8 bilhões apenas”, exemplificou. “Deve-se encontrar uma fórmula qualquer que permita que os países em desenvolvimento e outros países exportadores agrícolas vejam um ganho real imediato e isso, no momento, não está tão claro”, afirmou.
Fonte: Agência Brasil