Campeonato mineiro 2008 revelou boas novidades
Em artigo para o Vermelho Minas, o jornalista Orozimbo Souza
Junior faz uma análise da reta final do Campeonato Mineiro de 2008, que, embora mais
uma vez seja decidido entre os eternos rivais Atlético e Cruzeiro, trouxe boas
nov
Publicado 23/04/2008 14:21 | Editado 04/03/2020 16:52
Por Orozimbo Souza Junior
Assistindo a uma mesa redonda, transmitida em rede nacional
no domingo à noite, ouvi um comentarista dizer o seguinte sobre o Campeonato
Mineiro 2008: “Em Minas, nenhuma novidade. O título ficará para Atlético ou
Cruzeiro”. Se analisarmos historicamente, o comentário se justifica. Em 91
edições da competição, os dois clubes, juntos, ergueram a taça 71 vezes.
Mas este certame que está na reta final trouxe boas
surpresas. A mais significativa foi um equilíbrio poucas vezes visto. Na última
rodada da fase de classificação, havia três equipes já garantidas entre as
quatro semifinalistas. Outras quatro agremiações ainda lutavam com boas chances
pela vaga restante, garantida pelo Ituiutaba, que se juntou a Cruzeiro, Tupi e
Atlético. Esse nivelamento refletido nos pontos conquistados apenas refletiu o
que vimos dentro de campo. Ao contrário de outros anos, os chamados grandes,
Galo e Raposa, não tiveram vida fácil nos confrontos contra pequenos.
Nos duelos das semifinais, Ituiutaba e Tupi deram um calor
em Cruzeiro e Atlético, respectivamente, e se mostraram fortes candidatos a
subirem da Terceira para a Segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Resta
saber se as equipes serão mantidas e se terão condições financeiras de encarar
a Série C, que está para começar. E já que falamos no equilíbrio do campeonato
como um todo, seria injustiça deixar de mencionar as boas participações do Rio
Branco, do Villa Nova e do Guarani. Na parte de baixo da tabela, tivemos a
maior surpresa, ou decepção, como queiram. O Ipatinga, que debuta na Série A do
Brasileirão em 2008, foi rebaixado ao Módulo 2. Pior do que isso, dirigentes do
Tigre do Vale do Aço foram acusados de tentar subornar jogadores adversários,
do Villa Nova, para que estes entregassem o último jogo da fase de
classificação, evitando o rebaixamento do time ipatinguense. Os cartolas terão
de se explicar à Justiça.
Também vejo como boas novidades as revelações do estadual. As
equipes apresentaram algumas caras novas interessantes. O zagueiro Welton
Felipe, do Ituiutaba, e o meia Silas, do Tupi, merecem ser mais bem observados
pelos times grandes. Destaco também o atacante Jajá, que jogou pelo Guarani.
Ele, que pertence ao Cruzeiro e estava emprestado ao clube de Divinópolis, foi
integrado ao elenco de profissionais na Toca da Raposa II. Por fim, meu
destaque especial fica para o jovem Renan Oliveira, do Galo. Com apenas 18
anos, o garoto salvou o pescoço dos atleticanos no embate contra o Tupi. Fez
gol nos dois jogos e classificou seu time. O tento anotado em Juiz de Fora, de
letra, foi uma obra prima. Além disso, ele conseguiu algumas belas jogadas, e
marcou também pela Copa do Brasil. Não há dúvidas de que o garoto tem estrela e
talento. Mas é recomendável que sejamos prudentes nas análises, e que o Atlético
cuide bem desse diamante que tem nas mãos.
Decisão
Sempre fui, e continuo sendo, contrário à idéia corrente de
que em clássico não há favorito. Há favorito, sim. Porém, o favoritismo não
garante vitória a ninguém, já que nesse tipo de confronto alguns fatores
colaboram para que as forças se equivalham. Com isso, ocorre, com certa
freqüência, de a equipe que está mal conseguir a vitória. Contudo, no duelo
final, não vejo favoritos. Isso não, obviamente, pelo fato de se tratar de um
clássico. Mas, sim, porque o Cruzeiro, que começou o ano tão bem, vem caindo de
produção. Já o Galo fez o caminho inverso e, como se diz, cresceu no momento
certo. Vejo um grande equilíbrio de forças. Mas estou com uma intuição de que o
caneco fica com os atleticanos. Vejam bem, é um mero palpite, sem qualquer
embasamento. A conferir.
* Orozimbo Souza Junior
é jornalista