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Diretor prepara filme sobre líder comunista Gregório Bezerra

Está em fase de captação de recursos o longa-metragem História de um Valente, do cineasta Cláudio Barroso. O filme contará a vida do comunista Gregório Bezerra entre 1957 e 1964. O início das filmagens está previsto para o final deste ano.

Gregório Bezerra teve uma atuação política bastante intensa, sobretudo nos movimentos sociais e na luta pelas leis trabalhistas. Por isso, foi perseguido, preso e torturado em praça pública. Este é o ponto de partida para Cláudio Barroso narrar a trajetória do comunista que fez história entre as lideranças de esquerda no Brasil.


 


“Por conta dos anos em que Gregório foi perseguido, eu quero desenvolver o filme num tom de suspense policial, mas não vou esquecer o lado humano dele”, diz o cineasta. Barroso ainda estuda a possibilidade de mudar o nome do filme para Feito de Ferro e Flor. Tanto este título como o nome provisório do longa — História de um Valente — surgem de poesias de Ferreira Gullar sobre o líder comunista.


 


Como será ambientando nas décadas de 50 e 60, o longa vai contar com muitas reconstituições em locações do Recife e do interior pernambucano. Serão reconstituídos, por exemplo, lugares como a Praça de Casa Forte (local onde Gregório Bezerra foi publicamente torturado), pontos do bairro de Jardim São Paulo (onde o comunista morou) e ainda na Zona da Mata Sul de Pernambuco.


 


O filme todo está orçado em R$ 3,3 milhões — valor considerado alto para o cinema pernambucano. Mas o produtor, Germano Coelho, explica que só as reconstituições vão consumir grande parte do orçamento.


 


No elenco, estão atores de peso, como José Dumont e Aramis Trindade. Para interpretar Gregório Bezerra, o nome mais provável é o de João Miguel, que fez o personagem Ranulfo em Cinema, Aspirinas e Urubus. Ainda não se sabe quem vai interpretar Miguel Arraes, político que foi várias vezes apoiado por Gregório e que terá papel de destaque no filme.


 


O projeto do longa-metragem já foi aprovado nos editais do Funcultura, da Petrobras e do governo pernambucano, além de ter o apoio da Prefeitura do Recife. Cláudio Barroso dirigiu o premiado curta-metragem O Mundo é uma Cabeça, em que documenta, através de imagens e entrevistas, o movimento manguebeat.


 


O comunista


 


Gregório Lourenço Bezerra nasceu no ano de 1900, na cidade de Panelas, interior de Pernambuco. Ainda criança, perdeu os pais e veio para o Recife. Trabalhou como carregador de bagagens na Estação Central, jornaleiro e ajudante de obras. Foi analfabeto até os 25 anos.


 


Começou a se interessar pela política ainda jovem. Participou de manifestações em apoio à Revolução Bolchevique e das primeiras ondas de greve geral por direitos trabalhistas no Brasil. Fez parte do Partido Comunista do Brasil (PCB), do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e foi o deputado federal mais votado em Pernambuco na época da Constituinte.


 


Se somadas todas as vezes em que Gregório Bezerra foi preso, significa dizer que ele passou 22 anos de sua vida privado do seu direito de liberdade. Ele morreu em 21 de outubro de 1983, em São Paulo.


 


Do Recife,
Daniel Vilarouca