Oposição e estudantes cobram transparência em planilha

Durante a audiência pública sobre transporte público, realizada nesta segunda-feira, dia 16, a vereadora Rosário Bezerra discursou a favor de uma “planilha social” e da luta pela licitação das linhas de ônibus.
 

Para a parlamentar, a planilha de custos mostrada por técnicos da Strans, deve ser atrelada a uma planilha social, para “no mínimo” justificar, o preço absurdo da tarifa. “Acredito que o aumento deveria vir com uma compensação – uma planilha social – melhores condições dos ônibus; tratamento dispensado a usuários por cobradores e motoristas, que não é o ideal; mais frota na rua, para que as pessoas não fiquem esperando muito tempo; a questão das paradas de ônibus; da acessibilidade para os portadores de necessidades especiais; e outras compensações que devem ser levadas em conta, colocando o usuário como principal beneficiado”, descreveu a Rosário.
 

A vereadora ainda fez um apelo aos empresários do Setut, que participaram da audiência, para criarem parcerias para procurarem uma forma de satisfazer os seus “clientes”. “Os usuários são os clientes destas empresas e precisamos satisfazer os interesses desses clientes. Eu sei que empresário nenhum se trabalha com margem de lucro zero. Mas, não vamos conceber esse aumento sem compensações, ou então, vamos tentar revogá-lo”, destacou Bezerra.
 

O discurso da vereadora foi apoiado pelos estudantes que lotaram o plenário da Câmara Municipal de Teresina e pelo próprio Superintendente da Strans, José João, que parabenizou a idéia. Os estudantes agradeceram o apoio dos vereadores Rosário Bezerra, Décio Solano e R.Silva, que desde o início se uniram a eles, contra a nova tarifa, aplicada “na calada da noite”.
 

A audiência contou com a participação de 13 vereadores, por alguns instantes. “É a primeira vez que vimos tantos vereadores juntos numa audiência pública. Saudamos seis dos novatos que se fizeram presente [dentre eles, Rosário Bezerra]”, disse uma das lideranças que subiu à tribuna para discursar.
 

“Essa audiência foi muito positiva, porque todos os segmentos da sociedade civil interessada no assunto, compareceram. Desde os estudantes, representantes de entidades civis organizadas, dos técnicos da Prefeitura e Strans, vereadores, o Ministério Público e até diretores da Setut. Pudemos discutir amplamente e colocar alguns em pauta alguns encaminhamentos, que serão importantes para o futuro do transporte público”, explicou Rosário Bezerra.
 

Para isso, uma comissão de vereadores foi retirada para fiscalizar o transporte público municipal de Teresina, formada pelos vereadores: Rosário Bezerra (PT), R. Silva (PP), Décio Solano (PT), Rodrigo Martins (PSB), Edvaldo Marques (PSB), José Pessoa (PDT), Pastor Levino de Jesus(PRB), Teresa Britto (PV), Valdemir Virgino(PTC).
 

O promotor José Eduardo Carvalho, do Ministério Público, se colocou ao lado da revogação do preço da passagem, visto que, segundo ele, no final do mês pode chegar a 40% do salário mínimo. Ele também disse que os problemas afetam não só os usuários diretos, mas a toda população. “Eu não uso o transporte público, mas meus funcionários usam, meus alunos na Universidade, minha secretária na minha casa e os problemas causados pela demora nas paradas, pela pequena frota, pelo sucateamento dos ônibus, pelo horário que não passam, pode afetar o andamento da minha vida e acredito que todos aqui”, afirmou o promotor.
 

Ele disse que está pressionando a Prefeitura para licitar as linhas de ônibus, já que a decisão judicial foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal. “É preciso que haja licitação, porque o sistema público deve ser formado por pessoas competentes e não por amizades. As amizades a gente deixa em casa ou nos bares”, acrescentou, sendo aplaudido por todos nas arquibancadas do plenário.

COMISSÃO
 
Após a audiência pública que discutiu o reajuste da tarifa do transporte público, a Câmara Municipal de Teresina decidiu formar uma comissão para batalhar pela redução de impostos municipais e estaduais e garantir a redução na passagem. Para tanto, o vereador R. Silva (PP) quer receber a planilha de custos, que determina o valor do aumento, nos próximos 15 dias.
 

“Foi formada a comissão para acompanhar o processo daqui para a frente, mas também demos 15 dias para a Strans apresentar uma planilha baseada em números, porque a planilha da Prefeitura é fictícia”, disse R. Silva, em entrevista ao vivo no Jornal Cidade Verde desta segunda-feira, após a audiência pública.
 

“Queremos que a Prefeitura apresente dados concretos e justifique esse aumento”, acrescentou R. Silva. Ele explicou que só se pode buscar a redução de impostos junto ao poder público se os gestores souberem quanto está se gastando. “Eles não vão comprar essa briga se não souberem quanto o sistema gasta mensalmente”, completou.
 

A audiência foi pedida por R. Silva e Décio Solano (PT) após protestos de associações de moradores e estudantis. Eles reclamam o aumento da passagem de R$ 1,60 para R$ 1,75, que vale em Teresina desde o dia 1º de janeiro.