Alepe homenageia Davi Capistrano

Uma concorrida sessão solene realizada ontem (19) na Assembleia Legislativa de Pernambuco homenageou a memória de Davi Capistrano da Costa. A viúva, Maria Augusta Capistrano, disse que é a segunda vez que vem a Pernambuco para ouvir elogios à trajetória d

“Conheci Davi quando me candidatei a deputada pelo Partido Comunista do Brasil. Não fui eleita, mas tive uma votação expressiva. Havia relações entre o partido na Paraíba e em Pernambuco; foi daí que conheci Davi. Aderi ao partido quando ainda era estudante da Escola Normal. Fiquei responsável pelas finanças do partido”, comentou Maria Augusta.


 


A verdade tem que ser restabelecida
Discurso contundente fez o ministro Paulo Vanucci, da Secretaria de Defesa dos Direitos humanos. “Crimes de tortura são imprescritíveis. O passado deve ser sempre lembrado para não ser repetido”. Em relação às vítimas da ditadura, disse que Pernambuco é um Estado que tem “um percentual de vítimas da ditadura maior que a média nacional”.


 


Ele acentuou a importância do evento, porque se inscreve na luta pela punição aos crimes de tortura e assassinatos praticados nas prisões da ditadura. “Eu estou aqui mandatado pelo presidente Lula”, disse, para esclarecer que sua pregação não é solitária e tem o apoio de setores importantes do governo. Em relação à Guerrilha do Araguaia, disse que, nem que leve meses, toda a região será rastreada para a localização dos corpos. “A verdade tem que ser restabelecida”, ressaltou o ministro.


 


Ao final, mencionou mais de 40 heróis mortos pela perseguição da ditadura; Padre Henrique, Jonas Ivam, Capivara, João Lucas Alves, Mario Alves, Odijas Carvalho, Manoel Lisboa, Rui Frazão, João Macena, Fernando Santa Cruz. “Já há decisão judicial para localizar os mortos do Araguaia”, assegurou.


 


Disse ainda que vai a Florianópolis para uma homenagem semelhante, a Paulo Wright; e ao Ceará, onde será homenageada a memória de Bérgson Gurjão, “o primeiro a morrer na Guerrilha do Araguaia.”


 


Citou ainda Gregório Bezerra, “arrastado nas ruas de Casa Forte”.


 


A solenidade contou ainda com duas filhas de Davi Capistrano da Costa, Maria Cristina Capistrano e Carolina Capistrano. No final, foi inaugurada uma placa na biblioteca da Assembléia Legislativa em homenagem ao militante comunista desaparecido em 1974.


 


Um bravo comunista
David Capistrano da Costa nasceu no Ceará, em 1913. Dirigente do Partido Comunista Brasileiro – PCB. Participou do Levante de 1935, como sargento da Aeronáutica, sendo expulso das Forças Armadas e condenado, à revelia, pelo Estado Novo, a 19 anos de prisão.


 


Participou da Guerra Civil Espanhola como combatente das Brigadas Internacionais e da Resistência Francesa, durante a ocupação nazista. Preso em um campo de concentração alemão, foi libertado e regressou ao Brasil em 1941. Em 1945 foi anistiado e, em 1947, eleito Deputado Estadual em Pernambuco.


 


Entre 1958 e 1964 atuou na política pernambucana e dirigiu os jornais “A Hora” e “Folha do Povo”. Com o golpe militar, entrou na clandestinidade e asilou-se na Checoslováquia, em 1971. Retornou ao Brasil em 1974, atravessando a fronteira em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, em um taxi. David Capistrano foi seqüestrado no dia 16 de março de 1974, no percurso entre Uruguaiana e São Paulo.      


 


Do Recife,
Marco Albertim