China quer nova moeda de reserva no lugar do dólar
O Banco Central da China defendeu a instauração de uma nova moeda de reserva internacional para substituir o dólar, num sistema administrado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Publicado 24/03/2009 16:45
A ideia seria criar um novo sistema econômico mundial, livre das influências políticas de alguns países, explicou o governador do BC chinês, Zhu Xiaochuan, num texto publicado no site da instituição. “A crise econômica que abalou o mundo evidencia as vulnerabilidades inerentes e os riscos sistêmicos no sistema monetário internacional”, declarou.
A China é dependente do sistema atual dominado pelo dólar, e acompanha de perto o impacto das políticas de recuperação da economia norte-americana decididas pelo governo de Barack Obama, assim como as eventuais consequências das mesmas nas reservas cambiais chinesas.
Hoje, grande parte destas reservas de câmbio chinesas, de quase US$ dois trilhões, são em dólares, e a China expressou diversas vezes preocupação com o futuro destes bens.“A instauração de uma nova moeda de reserva amplamente aceita pode levar tempo”, destacou Zhu.“Porém, no curto prazo, a comunidade internacional e o FMI deveriam pelo menos encarar os riscos decorrentes do sistema atual, e efetuar controles e avaliações constantes”, sugeriu.
A reforma do sistema financeiro deve ser um dos temas principais das discussões do G-20, que reúne os governantes dos países ricos e “emergentes” no dia 2 de abril em Londres. Europeus e norte-americanos divergem nas prioridades: para Washington, os planos de recuperação são mais importantes que a necessidade de reformar o sistema.
Cesta de moedas
A China deverá ter um apoio de peso no G-20, pois a Rússia já propôs que seja negociada durante a cúpula a criação de uma moeda de reserva. Para Zhu, esta moeda poderia ser os “Direitos de Emissão Especiais” (DTS). “Deveríamos estudar como dar um papel mais importante aos DTS, que têm o potencial para se tornar moeda de reserva”, escreveu.
Estes DTS, cujo valor é ligado a uma cesta de moedas, foram criados em 1969 pelo FMI como um bem de reserva mundial para completar as reservas dos países membros num momento em que a oferta de ouro e de dólares fosse insuficiente. O papel dos DTS foi reduzido desde então, e o FMI e alguns organismos internacionais os utilizam agora como unidade de contagem, explica a instituição em seu site.
Com agências