Embaixador palestino homenageia comunistas
Na noite desta quarta-feira (27), o embaixador da Palestina no Brasil, Dr. Ibrahim Al Zeben, participou de uma cerimônia na sede central do PCdoB, em São Paulo, na qual homenageou os companheiros Ricardo “Alemão” Abreu, secretário de Relações Internacionais do PCdoB, Lejeune Mirhan, escritor, sociólogo e arabista, Emir Mourad, engenheiro civil e diretor da Federação Árabe Palestina do Brasil, e Eduardo Elias, diretor da Federação de Entidades Árabe Brasileiras (Fearab).
Por Christiane Marcondes
Publicado 28/03/2012 19:21
O embaixador saudou os 90 anos do Partido Comunista do Brasil e declarou que o momento não poderia ser mais feliz para os companheiros de luta. Disse que falava em nome do seu presidente, Mahmoud Abbas, e do povo palestino, que enfrenta cotidiana e corajosamente o quarto exército mais poderoso do mundo, o de Israel.
“Certamente as pessoas não entendem por que um homem, uma mulher e uma criança armam-se com pedras para atacar tanques de guerra, mas o nosso amigo aqui, Lejeune, que esteve recentemente na Palestina, pode explicar. Ele fez questão de deixar Hamala, a cidade mais protegida do país, e visitar um povoado de cinco mil anos de idade. Participou dos confrontos, que ocorrem em todos os povoados, e foi atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo, tossiu muito, ficou ofegante, tremeu, mas não largou a nossa bandeira”.
Justamente por elevarem e defenderem intransigentemente a bandeira Palestina, os comunistas homenageados receberam um diploma com a data de 1º de janeiro, data do início, em 1968, da revolta palestina contra a ocupação de Israel: “Aqui temos apenas um pedaço de cartolina, certificado de reconhecimento da dedicação de vocês pela causa palestina e por todas as causas justas, mas, simbolicamente, ele representa o compromisso e a solidariedade que não têm preço”.
Rubens Diniz, secretário-geral da Cebrapaz presidiu a mesa.
Ricardo Abreu “Alemão” foi o primeiro a receber o diploma e, ao lado da esposa, das duas filhas e da mãe, militante comunista desde os anos 1960, emocionou-se até as lágrimas. Disse que quem merecia a condecoração eram o Partido e a sua família. Citou a filha, a pequena Maria Clara, que, depois de participar de uma passeata na avenida Paulista a favor da luta palestina, pediu: “Pai, fala com o Lula, pede para ele ajudar essas crianças”.
Este é um “choro de solidariedade, de compromisso e da impotência de ver aquele povo cheio de vida que não deixam viver em paz”, explicou o embaixador, que se emocionou com Ricardo.
Eduardo Elias, na sua vez de receber a homenagem, declarou “o que fizemos até hoje foi muito pouco pelo muito que esse povo merece”.
Emir Mourad, engenheiro que viveu na Palestina dos 4 aos 6 anos, recordou o choro do pai em 1970, quando ele ouviu pelo rádio a notícia da morte de Gamal Abdel Nasser, presidente do Egito. O garoto pediu explicações e o pai ilustrou: “Você foi à Palestina, gostou do que viu? Agora não poderá mais voltar lá porque os judeus tomaram Jerusalém dos árabes e palestinos”.
Lejeune, ao ganhar o seu diploma, elogiou a politização de todo o povo palestino, que começa cedo na briga por seu espaço: “Não havia ninguém com mais de 16 anos no confronto que vivi lá”.
É preciso ir até lá para ver e entender o que acontece, reforçou o embaixador. E garantiu que a ligação da Palestina com o Brasil é muito antiga: “Em 1936, os três líderes da grande Revolta Palestina exilaram-se no Brasil. Dois deles morreram aqui e o outro retornou à Palestina”, recordou, mostrando que a afinidade entre nossos povos é imensa. “A nossa luta – concluiu – ainda vai longe, mas sabemos que poderemos sempre contar com o apoio e a participação de todos vocês”.
Ao final, uma foto dos homenageados e familiares selou o compromisso. Todos estarão juntos não importa quanto demore a longa caminhada em direção à soberania e à paz.