Paraguai: Carrillo quer restabelecer relações internacionais
No próximo 21 de abril, o Paraguai realiza as primeiras eleições após o golpe de Estado parlamentar que destituiu o presidente democraticamente eleito, Fernando Lugo. Esta também será a primeira eleição na qual os paraguaios que vivem no exterior poderão participar. Os migrantes reconquistaram este direito em referendo realizado em 2011.
Por Mariana Serafini*, de Ciudad del Este
Publicado 19/04/2013 18:56

De acordo com pesquisas as eleições deverão ficar polarizadas entre Horacio Cartes, do Partido Colorado, e Efraín Alegre, do PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico), A expectativa é que, após as eleições, os líderes dos países vizinhos se reúnam para definir sobre a suspensão do Paraguai das duas entidades internacionais.
Entre um estúdio e outro de Ciudad Del Este, Carrillo conversa com a imprensa brasileira dentro do carro, indo para a terceira entrevista oficial do dia. Em reta final de campanha, o pedido é para que as pessoas saiam às ruas e votem, afinal, esse não é um processo obrigatório no Paraguai. Aníbal Carrillo é o candidato sucessor do presidente deposto, Fernando Lugo, que agora é candidato ao Senado.
O sucessor de Lugo, assim como ele, nunca ocupou cargos eletivos no Paraguai e sabe o desafio que terá pela frente, principalmente com as questões da terra e da reforma agrária. O Massacre de Curuguaty ainda é um mistério que precisa ser desvendado, 12 campesinos estão presos sem provas, 11 foram mortos e seis policiais. Não fosse a intervenção da Organização das Nações Unidas, é provável que o processo ainda estivesse estagnado. “Sem dúvida nenhuma Curuguaty foi um massacre terrível no Paraguai e esses crimes precisam ser elucidados, vamos interferir para que a justiça trabalhe nesse caso”.
Quanto ao golpe parlamentar, Carrillo afirma que terá dificuldades, caso eleito, para reestabelecer completamente o processo democrático no país. “Foi um golpe duro contra a integração, um retrocesso, mas acredito que com as eleições que estão prestes a acontecer vamos conseguir restabelecer um processo democrático no Paraguai e voltar a ser bem vistos pelos países vizinhos”.
Carrillo aprova o ingresso da Venezuela no Mercosul, é simpatizante das políticas adotadas por Hugo Chávez no país e fez questão de ir pessoalmente prestar sua última homenagem durante o velório do comandante. “A entrada da Venezuela no Mercosul só fortalece ainda mais o bloco”, disse ele.
Candidato à presidência do Paraguai pela Frente Guasu, Anibal Carrillo afirma: “Hoje a Frente Guasu já tem mais de 100 mil filiados, acreditamos que podemos fazer até sete vezes mais votos". Foto de Mariana Serafini.
Entre as principais propostas de Carrillo estão a garantia da soberania nacional através da produção de energia em Itaipu Binacional, a ampliação e o fortalecimento de programas assistenciais do governo, a garantia de educação de qualidade e assistência aos trabalhadores do campo.
*Mariana Serafini é jornalista