Com "golpe em câmera lenta", EUA querem petróleo, diz Maduro
Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que os protestos no país estão sendo fomentados pelos Estados Unidos, em uma tentativa de derrubar o governo para se aproveitar do petróleo venezuelano. Maduro definiu a estratégia como uma espécie de "golpe de Estado em câmera lenta", comparando a situação à crise ucraniana.
Publicado 08/04/2014 15:18

"Estão tentando vender ao mundo a ideia de que a Venezuela vive uma espécie de Primavera Árabe. Já tivemos a nossa primavera: a nossa revolução que abriu caminho para a Venezuela do século 21", afirmou o chefe de Estado.
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Conforme explicou Maduro, a Venezuela é vítima da "guerra não convencional que os EUA aperfeiçoaram" nas últimas décadas, justificando sua teoria ao mencionar o apoio de Washington a golpes no Brasil, na década de 1960, e em Honduras, em 2009. Para ele, os protestos violentos da oposição venezuelana reproduzem ainda um cenário ucraniano, com ruas bloqueadas por barricadas.
Ainda segundo o presidente, os opositores "tentam aumentar os problemas através de uma guerra econômica, para cortar o suprimento de produtos básicos e incrementar uma inflação artificial". O objetivo seria criar o descontentamento social, "pintar o país em chamas" e justificar o isolamento internacional.
A recente onda de violência na Venezuela começou após o lançamento de uma campanha opositora — encabeçada por Leopoldo López, María Corina Machado e Antonio Ledezma — chamada "A Saída", na qual os políticos exigem que Maduro renuncie. O chefe de Estado, que atribuiu 95% das mortes nos protestos a ações de grupos de direta, defendeu a polarização como um reflexo de um país altamente politizado e onde "a política não é apenas para a elite".
De acordo com ele, a "Venezuela tem uma polarização positiva, porque é um país politizado onde a grande maioria adere às políticas públicas. Há também uma polarização negativa que não aceita o outro e quer eliminar o outro", afirmou.
Unasul
Desde esta segunda-feira (7), uma missão da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) está na Venezuela para mediar um diálogo entre o governo e a oposição. Um dos resultados da missão foi o acerto de um encontro entre Maduro e a MUD (Mesa de Unidade Democrática), mas a agrupação opositora não confirmou presença.
"Se essa reunião (entre governo e oposição) for finalmente concretizada, será uma grande mensagem de paz, de democracia, do nosso país a todo o nosso povo", disse Maduro à imprensa no Palácio de Miraflores. "Oxalá os dirigentes políticos da MUD não recuem e se sentem para dialogar”.
Fonte: Opera Mundi