Lula x Alckmin e a questão nacional
Ontem pela manhã, no Recife, participamos, ao lado da prefeita de Olinda, Luciana Santos, e de dirigentes sindicais e parlamentares, de um abraço simbólico ao edifício-sede da Companhia Hidroelétrica do São Francisco-CHESF. Parte da programação de campanh
Publicado 27/10/2006 17:52
Mais do que a sintonia entre os funcionários da CHESF e a posição do presidente-candidato – um dado por si mesmo relevante -, merece destaque o fato de a questão da soberania nacional ter passado a primeiro plano na cena sucessória.
Para quem é do PCdoB ou próximo há motivos de sobra para comemoração.
Explicando melhor. Como se sabe, PCdoB e PT estão juntos desde a primeira tentativa de Lula chegar à presidência, em 1989. Na feitura das plataformas de campanha, desde então, sempre houve certa tensão entre os dois partidos – o PT priorizando a “questão social”, o PCdoB insistindo na “questão nacional” como pedra de toque de um novo projeto de desenvolvimento do país. O PT evoluiu desde então, porém nunca deixou de resistir. Agora, sobretudo neste segundo turno, finalmente a peleja dos comunistas alcançou sucesso.
Melhor do que a encomenda, como se costuma dizer, o tema tem fluido naturalmente, tanto a partir da discussão da política externa, como da defesa, feita por Lula, das bases do desenvolvimento econômico sustentável.
O fato é que o pressuposto primeiro de um novo ciclo de desenvolvimento com distribuição de renda e fortalecimento do trabalho é o contraponto ao hegemonismo neoliberal que os EUA vinham exercendo sobre o nosso país. Esta é uma necessidade objetiva. Daí o esforço do governo Lula na busca de uma diversificada e soberana integração do Brasil no mundo. E, como parte dessa orientação, a constituição de um bloco regional sul-americano contra-hegemônico.
Isso vem dando certo. Tanto do ponto de vista geopolítico como do ponto de vista comercial. Temos ampliado nossos laços de cooperação mútua e de intercâmbio comercial com países emergentes da Ásia, da África e do Oriente Médio e avançamos numa integração real, mais do econômica e política, também física, com nossos vizinhos do subcontinente sul-americano. Por isso, na OMC e em outros fóruns internacionais, negociamos de cabeça erguida com os EUA e a Comunidade Européia e já não recebemos ordens do FMI. E a vulnerabilidade externa de nossa economia se reduziu significativamente.
Quando Alckmin se insurge contra essa opção estratégica, revela sua índole neoliberal e colabora em muito para que se esclareça o principal interessado no assunto, o povo brasileiro.