Pesquisa Quaest, oportuna advertência 

Pesquisa revela desconexão entre avanços do governo e percepção popular, exigindo autocrítica, ação política coordenada e comunicação mais eficaz das forças progressistas

O presidente Lula | Foto: Ricardo Stuckert

A última rodada da pesquisa Genial/Quest é importante advertência ao governo e às correntes populares e progressistas.  

Os números não surpreendem, mas contrastam abertamente com as avaliações do próprio presidente Lula, em entrevista coletiva anteontem. 

O governo acumula muitas iniciativas em praticamente todas as áreas, incluindo as de natureza estratégica destinadas a retomar o desenvolvimento do país. 

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Reforça programas sociais compensatórios — Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Desenrola, Internet para Todos — e anuncia outros mais, como o Crédito Consignado para Trabalhadores da Iniciativa Privada, Isenção do Imposto de Renda para Quem Ganha até R$ 5 mil, Distribuição Gratuita de Gás para Famílias de Baixa Renda.

Promove a recuperação da economia em certa medida, traduzida no crescimento do PIB além do previsto, na redução substancial do desemprego, no crescimento da massa salarial dos trabalhadores, apesar dos fundamentos neoliberais da economia.

Entretanto, parcelas majoritárias da população, conforme a pesquisa, revelam-se insatisfeitas, não aprovam o governo e o desempenho do próprio presidente da República, nem enxergam perspectiva de melhora. 

Onde está o nó? 

Errônea é a hipótese de que tudo, ou quase tudo, se resume à comunicação, insuficiente e equivocada nos dois primeiros anos de gestão e ainda não satisfatoriamente resolvida. 

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Óbvio que a comunicação é crucial a qualquer governo, sobretudo no tempo presente onde as informações, verídicas ou distorcidas, circulam em tempo real, principalmente pelas redes digitais, onde é evidente a vantagem da extrema direita e segmentos conservadores — sem nenhum escrúpulo na difusão de fake news e sofisticadamente apoiados pelas big techs.

Porém o buraco é mais embaixo. Reside na postura política do governo, do principal partido governista e seus aliados do campo popular e progressista, que carecem de entrosamento e ação. 

O ambiente é desfavorável, bem sabemos. 

Seria ingênuo abstrair a natureza disfuncional do Estado brasileiro, deformado por sucessivas emendas à Constituição, assim como a correlação de forças absurdamente adversa no parlamento, hoje montado no super poder do controle de parte expressiva do Orçamento (este ano, 46,67 bilhões de reais).

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Também seria equivocado ignorar a ação cotidiana interrupta do maior e mais poderoso “partido” atuante no Brasil, o complexo midiático dominante, que pauta o Congresso Nacional, o Judiciário e, em certa medida, o Executivo.  

Tais obstáculos precisam ser denunciados abertamente pelo próprio presidente da República e pelos partidos mais avançados que integram governo, apontando alternativas tanto no sentido da luta por reformas estruturais, como em defesa das ações e programas imediatos. 

Às forças organizadas da luta social cumpre papel semelhante. 

Porém ainda perdura no conjunto desses atores a dispersão e a ausência de um discurso atualizado, no conteúdo e na forma, compreensível pela maioria da população e apto a mover forças sociais expressivas.

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O ambiente é desfavorável, bem sabemos. 

Seria ingênuo abstrair a natureza disfuncional do Estado brasileiro, deformado por sucessivas emendas à Constituição, assim como a correlação de forças absurdamente adversa no parlamento, hoje montado no super poder do controle de parte expressiva do Orçamento (este ano, 46,67 bilhões de reais).

Também seria equivocado ignorar a ação cotidiana interrupta do maior e mais poderoso “partido” atuante no Brasil, o complexo midiático dominante, que pauta o Congresso Nacional, o Judiciário e, em certa medida, o Executivo.  

Tais obstáculos precisam ser denunciados abertamente pelo próprio presidente da República e pelos partidos mais avançados que integram governo, apontando alternativas tanto no sentido da luta por reformas estruturais, como em defesa das ações e programas imediatos. 

Às forças organizadas da luta social cumpre papel semelhante. 

Porém ainda perdura no conjunto desses atores a dispersão e a ausência de um discurso atualizado, no conteúdo e na forma, compreensível pela maioria da população e apto a mover forças sociais expressivas.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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