A fúria de Bolsonaro contra a civilização prossegue

O tão propalado “Estado Democrático de Direito”, é uma construção muito frágil, principalmente em países cujo capitalismo insiste em não ter “limitações” para a sua expansão

Adjetivar Bolsonaro é fácil. Tudo que se refere a um comportamento vil se encaixa bem nessa figura patética, que expressa o que é nossa “elite”, que prefere ver o país mergulhar no caos, desde que se assegurem as suas condições de reprodução. Portanto quando o presidente fala sobre algum evento ou alguma coisa, podemos estar certos de que ou vem besteira, ou alguma coisa sombria.

Como não tem “filtro civilizatório”, Bolsonaro, o presidente que menos trabalhou desde que se fundou a república, em novembro de 1889, fala pelos cotovelos e dispara impropérios a torto e a direita. Mentiroso contumaz, costuma, nas suas “aparições” destratar os parceiros da federação, governadores e prefeitos, sem nenhuma preocupação com a questão regional. Age como um trator sem freios e colhe inimigos, adversários por todos os lados, ao mesmo tempo em que revigora a visão distorcida dos seus apoiadores.

Nos últimos dias o presidente, além de ir a eventos religiosos, fazendo campanha política de forma escancarada, sob o beneplácito do TSE que, ressalve-se, tem os olhos devidamente fechados para as diatribes do Mandrião desde que esse começou a fazer campanha eleitoral antecipada, um dia depois de sua posse, em 2 de janeiro de 2019, falou sobre o assassinato do cidadão brasileiro e sergipano, Genivaldo de Jesus Santos, abatido selvagemente por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no interior de Sergipe, e sem conter sua falta de empatia, comparou o acontecido com o que ocorreu no Ceará, quando uma abordagem feita também por policiais rodoviários federai, que ainda precisa ser esclarecido, causou a morte destes, feita por um “errante” que, segundo familiares, tinha problemas mentais e que também foi abatido.

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Nada a estranhar de um presidente que claramente se abriga no apoio das forças armadas e de segurança, em detrimento dos mais de 200 milhões de braZileiros, dando-lhes mimos e toda a sorte de privilégios, reforçando seu corporativismo e, por conseguinte, estimulando os setores mais radicalizados dessas forças a cometerem atos de selvageria. Aliás o ministro da Justiça, Anderson Torres, disse “não ter nada a dizer” sobre o lamentável de Sergipe, assim como em todos os episódios que envolveram atos de barbárie das forças de segurança.

Uma coisa que salta aos olhos, com todos esses episódios e com o comportamento dessas forças, é a de que o tão propalado “Estado Democrático de Direito”, é uma construção muito frágil, principalmente em países cujo capitalismo insiste em não ter “limitações” para a sua expansão.

Bastou que um fascista se apresentasse como candidato a presidente e, com o apoio direto e indireto de vasto segmento da burguesia nacional, fosse eleito, tornando o país um vasto laboratório para que as ideias mais abjetas fossem postas em prática. O liberalismo foi massacrado nesse processo e que fez e faz a resistência são os setores mais progressistas que, nesse momento, buscam um pacto com o liberalismo mais moderado e até com o conservadorismo republicano, para que o “Estado Democrático de Direito” seja recomposto, o que é uma ironia própria do movimento dialético das forças sociais.

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Infelizmente teremos que ver e ouvir o presidente falar e agir como um celerado, buscando o confronto, movido por um delírio fascista, e os efeitos são e serão devastadores para a imensa maioria dos trabalhadores, já que recompor o ordenamento constitucional pode ser até conseguido caso a candidatura de Lula seja vitoriosa e que, a partir de janeiro de 2023 voltemos ao ambiente em que possamos novamente debater sem necessariamente querer exterminar seu adversário, mas recuperar a economia será muito mais doloroso do que se imagina, e os mais pobres sofrerão os efeitos amargos, por anos, o que leva a necessidade de lembramos o que significa ter um fascista na presidência.

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