A guerra híbrida, o Brasil da anomia e a perspectiva socialista

É preciso maior profundidade tática e estratégica para salvar o Brasil. Se é uma sorte imensa termos conosco o Presidente Lula, não podemos nos iludir com um exército de um homem só

Foto: Michelle Guimarães/Pexels

João Grilo: Como foi isso?!
Chico: Sei não. Só sei que foi assim. 

(Filme Auto da Compadecida, baseado na obra de ariano Suassuna)

O fundador da Sociologia, Émile Durkheim, cunhou o conceito de fato social, realidade que se impõe com a força da sociedade, mesmo que desejemos que não exista. Fato social parece-me essa derrota diária diante da pandemia associada a um sentimento de “normalidade”, um “tem de ser assim” que se soma à degradação generalizada da vida e do ser brasileiro. Parece-me que iniciou em junho de 2013, passou pela Copa do Mundo e pelo 7X1 que se cravou na alma brasileira, tão odioso quanto a vergonha dos xingamentos à Presidenta Dilma, diante de todo o mundo, e nunca mais parou. O fato social de que o Brasil fracassou, não só no enfrentamento da Covid, é o nosso café com pão, desde então. Essa perda, esse luto, essa vergonha cravada no peito como a divisão do nosso país. Apesar de tudo, há pouca consciência da tragédia, o normal virou “isso”. E o genocida segue a destruir o país, “normalmente”.

Normal como o negacionismo, no poder, buscar se revestir da chancela da liberdade individual e aplicar a partir do Estado e da Economia a imposição da contaminação universal. Margareth Thatcher cunhou a frase “Não existe essa coisa de sociedade, o que há e sempre haverá são indivíduos” (1), mas a sociedade existe, sim. Ignorar suas regras é cobrado caro. Confrontadas com grandes desafios, as sociedades podem superá-los ou definhar. Ao contrário do que muitos pensam, elas mudam, e inclusive morrem. Suas características, virtudes e deformações, acabam por definir como reagirão às crises.

Outro conceito, anomia, trata do sentido patológico observado nas sociedades a partir do capitalismo, quando a divisão social do trabalho, além de uma crescente diferenciação social, assume sentido mórbido e destrutivo. O aumento da produtividade, as mudanças incessantes no campo e na cidade, a natureza, os conflitos e as classes que surgem, tudo isso exigiu o desenvolvimento das Ciências Sociais, sob o capitalismo, para explicar como o comércio mundial, a civilização, a industrialização e o “progresso”, em vez de melhorarem a vida, geram efeitos nefastos, inclusive no centro do sistema capitalista.

Durkheim elucida contextos anômicos, mórbidos, patológicos que afetam a sociedade a partir de suas características próprias, cujo funcionamento gera ainda mais problemas, em vez de os sanar, num ciclo destrutivo. Assim, em vez de um contexto de “normalidade”, explicita-se a anomia da situação brasileira, vítima de múltiplas crises, a palpável decadência, a impotência diária diante do 7×1 na pandemia, na economia, na auto-estima do povo. A divisão social do trabalho, aqui, em vez de ampliar a solidariedade, assume características anômicas, raiz da própria decomposição social. (2)

A internet e a mídia hegemônicas predominam como consciência social, e são subordinadas e mantidas pelo capital financeiro e o rentismo parasitário. Por isso, não podem vencer a batalha das mentiras e da confusão. O papel central, depois de ter animado o caminho que nos trouxe aqui, é sobretudo a defesa do neoliberalismo. Não está só. As estruturas que poderiam assegurar o ambiente econômico para a segurança sanitária – como os instrumentos financeiros do Estado, o SUS, a ampla base científica brasileira – são apropriados ou sabotados por uma minoria que empurra a massa para o vírus. A “liberdade individual” de quem tem poder nega a defesa coletiva da vida. A economia retira as condições de preservar o isolamento, sequer é capaz de produzir os insumos para a saúde, preferindo concentrar a riqueza, tendo já desprotegido os trabalhadores às vésperas do desastre, com a Deforma Trabalhista precarizadora.

Enterro coletivo de vítimas da covid-19 em vala comum no Cemitério Público Nossa Senhora Aparecida I Foto: Alex Pazuello/Semcom

Nossa estrutura de classes tirou da maioria a condição de se defender. Concretamente, pouco vale a vida dos submetidos à condição de cidadãos de segunda classe no Brasil. A ganância ilimitada, a insensibilidade e o negacionismo nas nossas elites as descolam de qualquer liderança progressista. E, tratando-se de um desafio da sociedade, cada uma dessas ações egoístas, longe de mão invisível e virtuosa, acaba por condenar a todos e todas, pois não há escapatória individual à destruição da Nação Brasileira.

Outro fundador da Sociologia, de outras Ciências e do Socialismo Científico, Karl Marx, teve sensibilidade para observar como a miséria é fruto da abundância. Para ele, “Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo”. Posicionou desse modo trabalhadores e sua intelectualidade, abrindo caminhos à consciência e à ação política da maioria, permitindo-nos assumir lugar ativo na mudança perpétua da sociedade e das classes, a partir da consciência e da ação. Não estamos aqui para padecer sem saber porquê, mas para tornar a vida melhor, à luz da Ciência, da Política e da luta. Assim como todas as realizações da Ciência e Tecnologia, primeiro são apropriadas pela acumulação capitalista em proveito de poucos, é um imperativo moral e de sobrevivência lutar e fazer Ciência em favor da Humanidade.

A manutenção do capitalismo tem custado demais à humanidade e à natureza de que somos parte, embora ignoremos esse dado tão básico quanto o fato de ser a sociedade a segunda natureza que nos permite viver (ou morrer) neste Planeta. A mundialização do capitalismo, aberta com a chegada das caravelas ao Novo Mundo, foi inexorável e devastadora. A vantagem tecnológica do europeu, em grande medida apropriada de outros povos, a violência e doenças que trouxeram, foram decisivas na destruição de civilizações que não tinham como enfrentar essa invasão alienígena, e foram taxadas como inferiores e varridas da face da terra. Mesmo com mais pessoas, no domínio do território, com governos, não reuniram forças para enfrentar o desafio de vida ou morte.

A integração ao mercado mundial veio da Conquista, tornando impossível a civilizações e grupos isolados escaparem do rolo compressor social e mundial, com centro europeu e colônias submetidas, cujas decisões favorecem poderes externos e interesses estranhos – em especial o lucro. Os desafios civilizacionais se dão sob essa lógica, e a decisão de persistir ou perecer tem a escala da Nação, a sociedade nacional, no mínimo. Daí, unir o próprio povo é questão de vida ou morte. Contudo, reconhecendo que a divisão de classes é a regra e há responsabilidades objetivas no nosso padecer, não se trata apenas de unir, mas de separar, de derrotar os responsáveis pela tragédia que se tomou o país.

A tragédia é plano, método, e tem patrões lá fora. Bem observa o sul-coreano Ha Joon Chang, “os países desenvolvidos não estão tratando de “chutar a escada” quando insistem para que os países em desenvolvimento adotem políticas e instituições diferentes das que eles adotaram para se desenvolver?” (3) . Precisamente, enquanto a pandemia mundo afora é enfrentada com a negação do neoliberalismo e o protagonismo do Estado e da Ciência, aqui persiste o ultraliberalismo fanático e sabujo, sob interesses inconfessáveis como o das autoridades econômicas e suas contas em dólar lá fora. Assim, aplicam-se aqui lições políticas e econômicas que jamais foram aplicadas lá fora, nas sedes metropolitanas. Somente contextos muito específicos fizeram com que esse estreito grupo de nações desenvolvidas se ampliasse, e sempre ao se rebelarem contra receitas como o Consenso de Washington.

O Ministro da Economia, Paulo Guedes I Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

A divisão do trabalho social se impôs com o sistema capitalista à luz de discurso, interesses, irresistíveis motores econômicos, bélicos, políticos e culturais, a despeito de nociva às sociedades, exceto quando foram capazes de afirmar projetos nacionais que reúnam forças necessárias para resistir e encontrar um caminho próprio. Isso define, por exemplo, o lugar do Brasil no mundo, de produtor de matérias primas, destruir a natureza, tratar gente como carvão a ser queimado em prol de uma minoria, aqui e lá fora, consumir produtos industrializados produzidos fora, enquanto nossos engenheiros brilham como motoristas de aplicativos. Esse é o mesmo lugar da anomia, do racismo estrutural, da opressão da mulher, da homofobia e do genocídio, que se consubstanciam no lugar da classe trabalhadora na prirâmide de classes brasileira. São questões civilizacionais estreitamente ligadas ao nosso desenvolvimento nacional.

Diz-nos Tom Zé: “produzir matéria prima – essa tisana – isto é o grau mais baixo da capacidade humana”. (4) O país fica indefeso face aos desafios. À medida que as revoluções tecnológicas se sucedem, a apropriação de seus frutos pela burguesia agrava as contradições decorrentes da diferenciação social. A colonização secular não é apenas econômica, mas espiritual, moral e cultural, e nos fez presa fácil da Guerra Híbrida que pariu o regime de ocupação sob o qual vivemos, sob Bolsonaro e sua escumalha, entronizada para reverter os saltos civilizacionais que nossa pátria verificou, quais sejam, a tardia Abolição da Escravatura, em 1888, e a industrialização dos governos Vargas entre 1930 e 1954, que abriram caminhos à superação dos nossos mais graves problemas, a incapacidade de afirmação da Nação Brasileira com todos o seu povo e a autonomia econômica e tecnológica sem a qual nada poderemos.

Urge omper com a submissão de nossa sociedade a interesses externos, deformada porque construída sob o colonialismo, a escravidão e o genocídio indígena, o racismo, o capitalismo e a opressão da mulher. Tais são as bases para nossas elites parasitárias, incapazes de cumprir a promessa da Nação, que é a cidadania, que todos possam ser tratados como seres humanos, em vez do sistema de castas, em proveito das minorias que lideram um capitalismo de alma escravocrata. Deixar de enfrentar a questão Nacional (entendendo a Nação como povo) permite que a anomia vire regra, esse contexto de tristezas, vergonhas e injustiças que ferem o Brasil e inviabilizam o futuro. Estamos sendo mortos no maior genocídio desde a chegada das contaminadas caravelas europeias. As civilizações indígenas foram naquela ocasião dizimadas por doenças trazidas pelos europeus a esse mesmo lugar que hoje chamamos Brasil.

Se naquela época, elas não dispunham de modos de se defender, hoje os temos, mas vemos posto em último plano a necessidade histórica de auto-proteção coletiva e solidária de brasileiros e brasileiras face à Covid. É um genocídio porque a doença é controlável, já há vacina e sabemos os cuidados com que é possível se proteger. Contudo, a lógica ultraliberal, o regime de rapina e saque, a incompetência e o cálculo político mais desapiedado são patronos da mortandade absurda, que só é aceita na lógica capitalista.

O domínio colonial destroçou a sociedade indiana, as civilizações originárias americanas, as nações d’África, e sequer o Império Chinês foi capaz de escapar desses desígnios. Após milhares de anos no centro do mundo, foi enfim submetido, quando iniciou o dito Século de Humilhação (1839-1949), sendo barbaramente saqueado, ocupado, ofendido e dividido, com a retirada de Macau, Hong Kong e Taiwan. Só a Revolução Chinesa liderada pelo Partido Comunista da China de Mao Zedong, pôde interromper esse declínio sem precedentes. Também a soberania de Cuba, da Coréia Popular, do Vietnã e da Venezuela só pôde ser assegurada pelo socialismo, cujo fim levou à divisão da URSS.

Jovem Mao Zedong em discurso I Foto: US National Archives and Records Administration

Tais processos nacionais estavam iluminados pelas previsões marxistas de que o capitalismo apenas concentra riqueza. Marx previu a separação inconciliável da burguesia versus proletariado, desvendando a irracionalidade de um sistema que põe o lucro acima de tudo e, por definição, não pode atender aos interesses da Humanidade, mas apenas da ínfima minoria, hoje, menos de 1% da população, donos da maioria das riquezas da Terra. Levaram em conta que Lenin provou a tendência à financeirização, à oligopolização e ao imperialismo. O capitalismo não é o sistema da livre concorrência, mas dos oligopólios; não é o sistema da propriedade individual, mas a desapropriação universal das formas de propriedades da maioria, que passa à condição de assalariada e endividada. Não é o sistema das melhores decisões, baseadas no interesse egoísta e na mão invisível do mercado, mas a ditadura de uma minoria cada vez menor contra a maioria absoluta, proletária, da humanidade. Assim, posicionaram-se essas sociedades para enfrentar tantas forças dissolventes, em busca de seu próprio caminho

Da ilusão neoliberal da individualidade só resta a depressão do isolamento, do abandono e da falta de solidariedade social, reduzindo o ‘indivíduo’ a menos que coisas, pelo interesse de acumulação do capital. O avanço da humanidade, visto no big data, nos algoritmos e na internet, serve aqui à espionagem, ao ódio, promovem o agravamento dos problemas, e não a sua solução.

Desse modo, a individualização passa a ser um conto, e cai a máscara democrática do liberalismo e do neoliberalismo: não são todos iguais. Humanidade é censitariedade, humano é quem possua capital. Quando falam de mercado, sociedade civil, democracia, falam da burguesia, a cúpula da financeirização, do rentismo parasitário, essência do capitalismo. A hiperfinanceirização e o rentismo, os oligopólios, a riqueza gerada, os avanços tecnológicos, tudo é para o lucro, e não para a salvação da humanidade.

O credo neoliberal de Thatcher, Pinochet e Reagan é incapaz de nos guiar para a saída desse inferno social, a anomia generalizada em que o Brasil se meteu desde o Golpe que depôs a Presidenta Dilma, em 2016. O capitalismo está – como sempre – envolvido em dar lucro à minoria, e não em resolver os problemas. A natureza do sistema é a crise, por mais que aniquile as pessoas, os países, as civilizações. Nesse sentido, é extremamente realista a visão do filme Não olhe para cima, a loucura capitalista de lucrar com o extermínio iminente, assim como a escapatória de Adões e Evas inférteis e inúteis para o futuro, como são, para o presente, as classes dominantes.

Observamos como, apesar da pandemia, impõe-se a necessidade do trabalho para o lucro, acima da vida, sob a lógica do capitalismo colonial associado à escravidão, em que a vida do escravo era um detalhe diante da ganância da casa grande. O negacionismo que empurra trabalhadores à contaminação reafirma as estruturas mais arcaicas e odiosas de nossa formação social. A Deforma Trabalhista de Temer e Rodrigo Maia precarizou milhões de trabalhadores, fez do Brasil o paraíso dos aplicativos e dos especuladores e o negacionismo veio completar essa “obra”. O empobrecimento, a perda de laços de solidariedade social, o abandono da classe trabalhadora são as condições da lógica Bolsonarista do “E daí?!”, e do genocídio. A anomia social faz normal considerar descartável a vida dos trabalhadores diante da Covid. Mas o que começou pela Deforma Trabalhista, hoje se espraia para setores mais “protegidos” da classe trabalhadora, como bancários, servidores públicos e de estatais.

Essa lógica funesta separa o mundo capitalista das sociedades que se mantiveram socialistas e fizeram trincheira da defesa do valor da vida humana e da saúde face ao lucro. Nem em toda parte se vive a degeneração que acomete o Brasil. Vale observar a mortalidade pela Covid em 2021 e 2021 pelo mundo, com alguns dados que selecionei:

Fontes: Wikipedia, Universidade John Hopkins, Our World in Data
Fontes: Wikipedia, Universidade John Hopkins, Our World in Data

Se os países capitalistas não salvaram as vidas de seus cidadãos, isso só se pode explicar por terem lucros com a própria crise. O neoliberalismo que fracassou para a maioria e que deixará tanta morte e destruição, foi o mesmo que enriqueceu poucos que mandam. Os mesmos que controlam as manivelas cibernéticas da guerra híbrida, dos padrões de consumo que ocupam corações e mentes, tornando-os impotentes a resistir à destruição do Brasil. Lutamos ainda com as mesmas armas do passado, não percebemos que o jogo mudou completamente? É preciso maior profundidade tática e estratégica para salvar o Brasil. Se é uma sorte imensa termos conosco o Presidente Lula, não podemos nos iludir com um exército de um homem só. É preciso um salto na organização e na luta do povo, para superar o pior momento de nossa história desde o malfadado Descobrimento. É como sociedade que precisamos resistir, como Nação. Do contrário, pelas milícias (como fizeram na Colômbia) e pela autodestruição de aves de rapina e sabotadores (como no Haiti), eles perpetuarão a crise e a anomia, inviabilizando o país.

Não olhe para cima, olhe para o Brasil. Olhe quem perdemos que poderiam ter sido salvos se vacinados a tempo. Olhe para as crianças que tiveram a vacina atrasada por uma atitude criminosa do governo negacionista. Olhe para as mentiras, para o big data e a escravização mental promovida pelas bolhas das novas tecnologias e a defesa de um padrão de consumo inviável e que submete nossa cultura, nossa alma e, claro, nossa vida. Olhe para a incompetência, o arrivismo, a má fé, a ignorância, a mofa com que eles falam enquanto o Brasil virou um mar de tristezas, de más notícias, de vergonhas, de maus exemplos. Sabotadores da saúde pública e da economia, sabotadores das funções nobres que assumiram e das empresas públicas, sabotadores das estatísticas e armados até os dentes… Por que estranhamos estar dando tudo errado?! É essa combinação que matou, mata e matará, explicitando a consigna Socialismo ou Morte, que vivemos hoje.

Dito de outro modo, há quem ganhe mais com a morte do que com a vida, com a doença em vez da saúde, com a guerra em vez da paz, e eles mandam no capitalismo. Daí a catástrofe estadunidense e sua própria anomia, já que os motores dessa economia são os complexos da Guerra e da repressão, da guerra às drogas (piada trágica da parte deles), da saúde como mercadoria, das mentiras da mídia e do rentismo parasitário do capital financeiro. Aqui, a riqueza vem de derrubar florestas e matar a biodiversidade, enquanto carne, soja e ferro gusa. Essa base econômica incompatível com o desenvolvimento decompõe os dois grandes saltos civilizacionais da Nação Brasileira, que se desindustrializa, escraviza seu povo outra vez e é incapaz de defender face ao primeiro dos flagelos de um mundo em convulsão, ameaçado pela barbárie capitalista. Enquanto isso, no Socialismo, todos os recursos que aqui semeiam o caos, acabaram salvando vidas.

A unidade popular e a amplitude para desarmar as granadas são tão importantes como a fidelidade ao Brasil e o amor ao povo. É preciso saber unir e separar. E se Lula se posta firme contra a Deforma Trabalhista, ele o faz porque é impossível salvar o Brasil dividindo-o entre senhores e escravos, como foi feito, rasgar a Lei Áurea e a CLT para enfrentarmos o futuro com a Covid.

Sobreviverão a esses flagelos as sociedades capazes de harmonizar os interesses da maioria, sem se submeterem ao capital financeiro, quem pariu o fascismo ontem e hoje. Sem ilusões, é preciso libertar a Nação Brasileira, um projeto de desenvolvimento que sirva aos daqui, não aos de fora. Se a China pôde superar o século de humilhações, também nós podemos unir nossa pátria e construir a simples utopia de viver bem, como seres humanos tentando viver nesse Planeta, sem senhores e escravos, nem mandados de fora, sem traidores à frente. Essa é a vereda para superar nossas mazelas sociais, retomar a capacidade de pactuação e realização de nosso povo. Não está normal. Não tem de ser assim. É possível abrir caminhos à sociedade que assegure a vida, a liberdade e a segurança. O capitalismo é o reino da anomia. Por isso, a busca de harmonia e de futuro é a luta por sua superação, a partir da Nação e da perspectiva socialista.


Referências:

(1) https://pt.wikiquote.org/wiki/Margaret_Thatcher

(2) DURKHEIM, Émile. Da Divisão do Trabalho Social.p.367. Martins Fontes. São Paulo. 1999.

(3) CHANG, Ha Joon. Chutando a Escada, p. 229. Editora UNESP. São Paulo. 2004.

(4) Tom Zé. Vaia de bêbado não vale.

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