A responsabilidade dos educadores na reconstrução do Brasil

O que está posto para nós, professores e profissionais da educação é barrar esse projeto nefasto de destruição do que ainda temos de educação e escola

Como afirmou certa vez Lênin, a “Educação fora da política é hipocrisia”. Diante disso, não entender hoje que a luta em defesa de uma educação pública, de gestão pública e de qualidade passa pela política é não compreender que a educação é uma das estruturas do Capital, que pode sustentar a classe hegemônica no poder. Aqui cabe definirmos bem que defendemos a educação pública, de gestão pública e que esteja a serviço da classe trabalhadora. Esse destaque é necessário, porque a “defesa” da educação é feita por muitos, tanto no campo da esquerda política como da direita. O que nos diferencia é o tipo de educação que defendemos, qual é o conteúdo e a forma que atende os filhos e filhas da classe trabalhadora e qual escola estará a serviço da construção do homem emancipado.

Desde 2016 (golpe contra Dilma), os ataques à educação não param, havendo a desobrigação de investimentos do Pré-sal na educação, a criação de vouchers para o acesso à educação infantil, recentemente o Homeschooling, bem como a cobrança de mensalidades nas universidades públicas. Sem contar o cenário pandêmico, o bolsonarismo se aproveita da crise sanitária para propagar a ideia de que a educação pode ocorrer no âmbito privado, de forma padronizada, valorizando a individualidade, o mérito e, com isso, aproveita para entregar a tarefa de planejamentos pedagógicos para grandes conglomerados de educação, para plataformas que visam uniformizar, padronizar o ensino, realizar um controle político, moral e ideológico das nossas crianças e jovens. É a propagação do livre mercado, lançando a ideia de que existe “liberdade” por parte dos que recebem educação, o que seduz e faz não percebermos que, na verdade, isso nada mais é do que o reforço da meritocracia, a naturalização da exclusão social e o mérito como esforço pessoal, desresponsabilizando o Estado do seu dever em garantir o direito a educação, transformando o direito social em serviço.

Diante disso, o que está posto para nós, professores e profissionais da educação é barrar esse projeto nefasto de destruição do que ainda temos de educação e escola. Se é verdade que a escola é uma estrutura sobre o domínio do Capital, da classe hegemônica no poder, também é verdade que são espaços permeados de contradições, contradições do próprio Capital que podem ser exploradas por nós. O nosso compromisso é formar novas gerações, que sejam capazes de barrar as ideologias fascistas propagandeadas pelo bolsonarismo. Isso passa pela nossa ação ativa durante as eleições de outubro de 2022, uma vez que derrotar o bolsonarismo é a tarefa primeira de todos que entendem que a questão hoje não é pedagógica, mas política, ideológica e econômica. Trazer o país novamente para o campo da democracia, criar condições para a formulação e a implantação de um projeto de reconstrução nacional é a principal tarefa que temos até outubro de 2022. Faz-se mister derrotar o Bolsonaro e eleger o Lula e uma bancada de parlamentares comunistas comprometidos com a reconstrução do Brasil, dispostos a construir o novo. Vivemos uma guerra, em que a primeira batalha deve se encerrar em outubro e devemos esgotar isso no primeiro turno. Contudo, outras batalhas virão e será junto de uma bancada de parlamentares aguerridos, somados aos trabalhadores incansáveis, que redefiniremos o nosso caminho, rumo à emancipação humana.

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