Lula defende amar e cuidar do povo em contraponto ao ódio bolsonarista

Ato reuniu milhares de pessoas em Porto Alegre em defesa da soberania e pela reconstrução do país

Foto: Ricardo Stuckert

Durante ato em defesa da soberania realizado nesta quarta-feira (1º) em Porto Alegre, o ex-presidente Lula se contrapôs ao ódio que marca o modo Bolsonaro de governar e defendeu que o povo brasileiro deve ser amado e cuidado por meio de um Estado forte e atuante em defesa dos direitos da população. O evento lotou o Pepsi on Stage, espaço para shows com capacidade para cerca de 5 mil pessoas, e reuniu ainda o pré-candidato a vice-presidente de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), a ex-presidenta Dilma, a vice-presidenta do PCdoB, Manuela d’Ávila, entre outras lideranças políticas e dos movimentos sociais. 

“Estamos vendo o governo brasileiro destruir o patrimônio que foi construído ao longo de quase todo o século passado e deste século 21. Estamos vendo que a soberania não é apenas cuidar das nossas fronteiras seca e marítima e do nosso espaço aéreo. Não é só cuidar das riquezas minerais em nosso solo e subsolo, das riquezas que estão em nossas águas, no nosso mar. É muito mais do que isso. Porque um país pode ter todas as riquezas do mundo, mas se o povo não tiver direito de tomar café de manhã, almoçar e jantar, esse país não é soberano. Pode ter toda riqueza do mundo, mas se o povo não tiver emprego e um salário que dê para sustentar sua família, onde está a soberania?”, questionou Lula sobre o tema central do ato. 

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Ao tratar deste tema, Lula abordou também a política de petróleo sob o governo Bolsonaro, que elevou sobremaneira os preços dos combustíveis e do gás de cozinha, aumentando ainda mais a inflação sobre itens básicos para a subsistência. “A gente se tornou autossuficiente em petróleo e não pode sequer comprar um botijão de gás. Durante todo o nosso governo (Lula e Dilma), a gente não aumentou o gás porque ele é um elemento da cesta básica; a pessoa precisa ter dinheiro para comprar a comida e o gás para cozinhar”. 

Foto: reprodução

Num aceno aos caminhoneiros, destacou: “Como sobrevivem os caminhoneiros, pagando o diesel no valor que estão pagando e ainda sendo assaltados pelos pedágios? E tudo isso repercute na comida que a gente come. Porque hoje 50% da inflação são de preços controlados pelo governo – energia elétrica, gás, gasolina. E por que? Por causa da guerra na Ucrânia? É por falta de vergonha e compromisso de quem governa este país e de quem dirige a Petrobras”. 

Sobre a sanha privatista do atual governo, Lula salientou:  “Precisamos ficar muito alertas. Agora querem privatizar a Eletrobras e vão dizer que se tiver mais empresas concorrendo, (a energia) vai ficar mais barata”. E acrescentou: “se a gente deixar privatizar a Eletrobras, se preparem porque as empresas não vão tomar conta apenas do preço da energia, mas também da água dos nossos rios”. Nesse cenário, disse, “nunca mais haverá um programa como o Luz para Todos, no qual nosso governo colocou R$ 20 bilhões para fazer um programa que atendeu 16 milhões de pessoas de graça. Quero saber qual a empresa privada que vai levar energia de graça à casa do pobre, às favelas, ao interior, à Amazônia”. Na sequência, Lula enfatizou: “não quero um Estado fraco, pequeno. Quero um Estado forte que seja responsável pela educação, pela saúde, pela geração de emprego, por aumentar o salário mínimo, por dar cidadania aos cidadãos e cidadãs deste pais e é isso que vamos fazer”. 

Recuperar a soberania não é tarefa só da esquerda

Com relação à aliança com o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, Lula pontuou: “recuperar este país e sua soberania não é tarefa só do PT ou dos partidos de esquerda; é tarefa de todos aqueles que têm compromisso com a dignidade e com o povo trabalhador e pobre”. Ironizando o atual ministro da Economia, Lula colocou: “O Seu Guedes está tentando vender até os tapetes do Palácio da Alvorada porque eles não sabem falar as palavras desenvolvimento, crescimento, educação, cultura, nada daquilo que necessitamos”. E falando indiretamente de Bolsonaro, salientou: “é um homem que distribui armas quando este pais está precisando de livros”. 

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Lula declarou ainda que não tem “tempo para criar brigas, para ficar com ódio e rancor; só tenho tempo para amar a minha Janja e o povo brasileiro que precisa ser cuidado. Não queremos governar, queremos cuidar”. O ex-presidente também citou algumas de suas ações e do governo Dilma no Rio Grande do Sul e, após citar os avanços obtidos em todo o país com a política de cotas e o ProUni, Lula pontuou: “Não quero que me vejam como inimigo. A única coisa que quero é garantir que todo e qualquer cidadão trabalhador tenha o direito de comprar aquilo que ele produz, a ter uma casa para morar; que tenha o direito de ir ao teatro e ao cinema, de ir ao restaurante, fazer o seu churrasco e formar os filhos. Não estamos exigindo nada demais. Estamos querendo o que está na Constituição, na Declaração Universal dos Direitos Humanos; e a Bíblia diz isso também. Por isso, se preparem: não vamos usar uma arma, não vamos dar um tiro. Vamos dedicar nosso amor e a nossa indignação na luta contra a injustiça”. 

Foto: Priscila Lobregatte

Por fim, Lula salientou: “Este país é de todos e não de meia dúzia”. Ele defendeu um Brasil “civilizado, humanista, solidário, um país que quer distribuir livro de graça e quer proibir venda de armas, e quer evitar o genocídio e a violência policial” e fez alusão ao assassinato de Genivaldo Santos semana passada em Sergipe e às chacinas no Rio de Janeiro. 

Além de Lula e Alckmin, o evento contou com discursos e a presença de diversas lideranças políticas, como a ex-presidenta Dilma Rousseff; a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann; a vice-presidenta do PCdoB, Manuela d’Ávila; dirigentes e parlamentares do PT, PCdoB, PV, Solidariedade e Psol; os ex-governadores gaúchos Olívio Dutra e Tarso Genro; o ex-governador do Paraná, Roberto Requião e o pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Edegar Pretto (PT). 

Assista a íntegra do ato: