Lula tem 3,6 vezes mais menções do que Bolsonaro nas redes sociais

Pesquisa de plataforma de monitoramento verificou aumento no último mês, que registrou mais de 1,3 milhão de citações relativas ao ex-presidente

Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Levantamento feito pela plataforma de monitoramento digital Torabit mostrou que o ex-presidente Lula (PT) é o pré-candidato à presidência com maior média diária de menções nas redes sociais pelo terceiro mês seguido. Em junho, foram mais de 45,8 mil citações diárias, número que é 3,6 vezes maior que o do presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com os dados colhidos, divulgados nessa segunda-feira (4), ao todo foram mais de 1,3 milhão de menções somente no mês passado. O antipetismo e o constante bombardeio das milícias digitais bolsonaristas podem estar incidindo sobre o percentual de citações negativas, que atingem pouco mais de 48,5% e cresceram 6,7% em relação a maio. 

Em contrapartida, Bolsonaro, que tem tido um governo mal avaliado por metade da população — 50% de ruim ou péssimo e 23% de ótimo ou bom, segundo a pesquisa “A cara da democracia”, feita pelo Instituto da Democracia (INCT/IDDC), divulgada nesta terça-feira (5) — tem 47% de menções positivas. 

O aumento das citações negativas a Lula não parece ser por acaso e pode refletir uma reação do bolsonarismo ao crescente desempenho positivo do oponente nas pesquisas de opinião para as eleições deste ano. O Datafolha divulgado no final de junho mostrou que Lula pode vencer no primeiro turno, com 53% dos votos válidos, contra 32% de Bolsonaro. Em maio, o mesmo instituto havia aferido 48% dos votos para o petista, contra 27% do atual mandatário. 

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O peso da rede

Para rebater notícias falsas relacionadas a Lula, a equipe à frente de seu site oficial criou o Verdadômetro, um acompanhamento diário que desmente algumas das principais fake news envolvendo o ex-presidente e verificados por agências de checagem, além de receber denúncias sobre mentiras veiculadas nas redes (https://lula.com.br/verdadenarede/). Somente no dia 29 de junho, por exemplo, a página registrou 12 desmentidos contra Lula e o PT.

O cenário atual vai ao encontro do que a jornalista Patrícia Campos Mello apontou em seu livro “A Máquina do Ódio”, que mostra como funcionam os mecanismos usados pela extrema-direita no Brasil e em outros países para manipular a opinião pública e conta como foi a campanha via Whats App em 2018 que ela denunciou na Folha de S.Paulo.  

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“A maioria das pessoas não tem consciência de que é constantemente manipulada por campanhas políticas e de marketing na internet  — muito pouco do que ocorre hoje nas redes, seja um vídeo viral, uma hashtag, uma foto, é espontâneo. As vozes artificiais são determinantes para que alguma coisa ganhe atenção on-line”, escreveu Patrícia no livro. 

Há uma semana, Bolsonaro foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) por ofensas à jornalista, que sofreu forte campanha de ataques pessoais depois da publicação da reportagem.