A revolução dos cravos e angola

“Em abril de 1974, exatamente no dia 25 de soldados liderados por capitães do Exército, deixaram os quartéis rumo à sede do governo. Saudados pela população, que os presentearam com cravos vermelhos e brancos, eles marchavam para derrubar uma ditadura que já durava mais de 40 anos.

Passavam 20 minutos da meia-noite quando os acordes de “Grândola, Vila Morena”, Canção, que havia se tornado um verdadeiro hino dos jovens e intelectuais contra a ditadura salazarista, começaram a tocar numa rádio de Lisboa. Era um sinal: A Revolução Começara. A poucos quilômetros de Lisboa, sob o comando do capitão Salgueiro Maia, as tropas do quartel de Santarém começaram a movimentar-se. O mesmo ocorria em vários pontos do país, quase simultaneamente.

Assim que também nos conta em seu texto, o Lincoln Secco, que com competência nos reaviva a memória com este fato histórico fantástico. A Revolução dos Cravos, complexa, contraditória e inconclusa marcou positivamente a história daquele país (Portugal) e deixou mesmo com essas características um legado importante para os trabalhadores portugueses e em especial para as mulheres.

Mas talvez a conseqüência mais importante deste feito comemorado nesta data em boa parte do mundo, tenha sido que esta “Revolução” permitiu que vários paises africanos que viviam subjugados pelo decadente, mas teimoso, imperialismo Luso, conquistasse sua independência. Decadente entre outras coisas por que as colônias, para serem mantidas como tais, através de ações do exército português, sangravam cerca de 40% do PIB ou orçamento anual do governo. Não à toa, foi este um dos motivos das revoltas das lideranças das Forças Armadas.

Entre os países africanos, que a esta altura estavam todos em luta pela sua independência, estava Angola.

Desde os anos de 50 do século passado Angola tinha o desejo unificado de se tornar independente de Portugal, entretanto o movimento anticolonialista era dividido entre as lideranças principais do MPLA e UNITA. No apogeu da guerra Fria, A então URRS e seus aliados apoiavam o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e os EUA e África do Sul (no ápice da apartheid) apoiavam a União Nacional Para a Independência Total de Angola (UNITA). Após a Revolução dos Cravos, inicialmente acirrou-se o conflito e a divisão, gerando uma guerra Civil. Esta intensificou com a invasão por parte das tropas da África do Sul á Angola, em outubro de 1975. As tropas da UNITA e da África do Sul marcharam até Luanda onde foram derrotadas com a providencial ajuda dos Soldados Cubanos

No mês seguinte, novembro, foi declarado enfim, a Independência de Angola. O MPLA como força hegemônica no governo passou a dirigir o novo governo da República Popular de Angola.

O primeiro Presidente Agostinho Neto teve que governar o país com o desastre da guerra civil e saída dos portugueses, praticamente a única mão-de-obra qualificada do país.

Em Maio de 1991 o MPLA e a UNITA entraram em acordo para realizar eleições diretas no país, que ocorreu em setembro de 1992. A UNITA, não aceitou a derrota, mesmo com todas as opiniões favoráveis da comunidade internacional que acompanhou o pleito e deu inicio a outra guerra civil que devastou ainda mais o valente país. A Paz tão esperada só foi definitivamente conquistada em fevereiro de 2002 com a queda do líder da UNITA, Savime. Os EUA só vieram reconhecer a independência de Angola, 18 anos depois, quando derrotada nas urnas, sua turma a UNITA, apelou vergonhosamente para ás armas.

Hoje a Independência e a Paz, fruto de muita luta para ser conquistada neste importante país africano, é festejada e lembrada quando se festeja o aniversário da Revolução dos Cravos, passo inicial mais importante para a situação que hoje se encontra.

A comemoração justa desta data histórica reafirma a importância que o mundo da a paz com parte indispensável do progresso e do bem estar do mundo.

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