Ações afirmativas

É dever do poder público trabalhar e dar exemplos de como construir uma sociedade mais justa e igualitária, onde a presença negra deveria ir muito além do futebol e do samba, onde somos sempre lembrados e protagonistas. Temos também de estar nos laboratórios de ciência, nas universidades, nas grandes corporações e nos meios de comunicação, entre outros espaços.

Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a renda dos negros ainda corresponde a apenas 57,4% da dos brancos. Pensando nisso, a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial – SMPIR, a que estou à frente, idealizou um projeto de desenvolvimento social e econômico da população negra não só no aspecto público, como determina a Lei de Cotas (15.939/13) – onde 1.011 negros ingressaram no serviço público municipal por meio de concurso, na posição de auditores, procuradores, contadores e professores –, mas também com um olhar na iniciativa privada. Por isso, em 2014, fizemos um chamamento neste setor, que resultou no fórum 'São Paulo Diverso'.

O objetivo é pensar soluções de empregabilidade, renda e desenvolvimento econômico. Reunindo CEOs, especialistas e acadêmicos, o fórum trouxe à tona a dificuldade das empresas que adotam políticas de ação afirmativa em encontrar profissionais afrodescendentes para ocupar os postos mais qualificados. E não é porque eles não tenham currículo à altura. É porque o racismo institucional, esse que não se vê, mas que, ocultamente, se entranha na sociedade, não permite que um negro fique sabendo ou seja indicado para esse tipo de vaga.

Em apenas dois anos, a lei criada na gestão Haddad, citada anteriormente, já contribui eficazmente para a inclusão social e aumento da renda de uma camada da população que nunca se viu assistida. Políticas de ação afirmativa que abrem oportunidades de emprego são formas concretas de tirar os negros da pobreza e da miséria, após séculos de exclusão.

É este exemplo que queremos que se espalhe por toda a sociedade para construirmos uma cidade mais justa e igualitária.

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