Amazônia, esse mundo à parte

Dentro do esforço de tornar a Secretaria Nacional da Questão Amazônica e Indígena de nosso Comitê Central num centro de elaboração e sistematização de uma política de desenvolvimento sustentada, acabamos de lançar pela editora Anita Garibaldi, o livro “Amazônia, esse mundo à parte”, que empresta o título a esse artigo.

O lançamento ocorreu na livraria Saraiva, no Manauara Shopping, em Manaus. Posteriormente faremos o lançamento em outros estados.

O livro reúne artigos já publicados e inéditos, distribuídos em 13 capítulos. Inicia analisando as políticas oficiais no governo FHC e Lula para a região; discute as variadas táticas do imperialismo para internacionalizar a Amazônia; destaca o caráter estratégico da região e a ausência histórica do poder público na suas entranhas; dedica um capítulo inteiro para realçar que soberania nacional sobre a Amazônia é uma premissa, não uma hipótese; polemiza a falsa contradição entre desenvolvimento e preservação; discute os processos de ocupação da Amazônia; destaca o papel da ciência e da tecnologia no manejo adequado desses recursos naturais; sublinha a nossa luta em torno da exploração de nosso gás e dos recursos naturais; situa a Zona Franca de Manaus como um projeto de natureza geopolítica e não apenas econômico, como historicamente ela vem sendo tratada; procura assentar as bases técnicas do desafio de produzir com sustentabilidade; analisa a sua cultura, suas particularidades, seu modo próprio de ver o mundo; reafirma a defesa dos povos indígenas e analisa, também, o dilema que atualmente vivem com amplas áreas de terras demarcadas e precariedade produtiva; e trata, por fim, de sua enorme biodiversidade.

O livro é recorrente, propositadamente, na discussão das três concepções básicas que polemizam a Amazônia e a utilização de seus recursos naturais: os produtivistas, os santuaristas e os sustentabilistas.

Parte da premissa que “não há desenvolvimento sem preservação e nem tampouco preservação sem desenvolvimento”, até mesmo porque não há ação sobre a face da terra, seja de natureza antrópica ou natural que não provoque impacto ambiental. A polêmica, portanto, não está em se discutir se há ou não impacto ambiental. Isso é pacífico. O que se discute é se ação é efetivamente necessária e, nessa hipótese, como minimizar tais impactos através da ciência e da tecnologia, bem como estabelecer as compensações mitigadoras às populações alcançadas.

O livro não tinha e nem tem a pretensão de ser uma obra didática, no sentido escolar. Mas sou forçado a reconhecer que ele também poderá se prestar como fonte de pesquisa escolar, até porque raramente se encontra numa mesma obra uma quantidade tão grande de assuntos sistematizados.

O livro não é “um documento oficial”. Ele é a expressão do combate de idéias que tenho travado nesses últimos 30 anos. Alguns textos são inclusive mais antigos. Servirá, sem dúvida, para que possamos estabelecer uma boa polêmica.

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