Brasil: 12 anos sem a tutela do FMI

Como vocês sabem, eu não sou economista, muito menos tenho vocação para o exercício e ao estudo desta carreira profissional. No entanto, os neoliberais vivem dizendo que os governos petistas – Lula e Dilma – foram exitosos na economia porque herdaram as ótimas condições econômicas do antecessor FHC (PSDB).

Esquecem que o primeiro mandato de FHC, os mandatários criaram um mecanismo recessivo para garantir a estabilidade econômica. Abriram radicalmente a nossa economia, privatizaram estatais e diminuíram sensivelmente a atuação do Estado na prestação de serviços, a exemplo da saúde e da educação. Tudo em nome de uma dita racionalidade e eficiência, em que a “mão invisível” do Mercado seria sabiamente justo para regular a vida das pessoas.

Eu lembro muito bem que, em 1998, logo após a reeleição, FHC anunciou um pacote econômico para, segundo ele, manter a estabilidade da moeda. A receita foi: corte nos gastos públicos;aumento dos juros e da carga tributária;a criação da DRU (Desvinculação das Receitas da União) – mecanismo contábil para poder retirar as verbas constitucionais garantidas para as áreas sociais, como saúde e a educação; aumento do superávit primário e o famoso PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), programa que ajudou, com dinheiro público, a reestruturação do sistema financeiro privado nacional.

Tais medidas foram impostas pelo FMI e serviram de contrapartida para que o órgão pudesse emprestar dinheiro ao Brasil. Depois vieram mais dois empréstimos.

Moral da história: a inflação aumentou, o déficit público cresceu e a balança comercial batia recordes negativo de forma sucessiva. Convivemos com as maiores taxas de juros do planeta, houve a elevação do desemprego. Além disso,o trabalhador viu seu rendimento mensal ser enfraquecido e o dólar chegou a beirar os R$ 4,00. Não esquecendo, obviamente, do aumento das disparidades sociais e do sucateamento dos serviços públicos.

O Brasil parecia o dependente químico que, para fugir da dependência, consumia mais drogas.
Por isso, quando penso que o Brasil não pega mais empréstimos do FMI, recordo imediatamente das viúvas do neoliberalismo. O mais engraçado é que, em período eleitoral, prometem tudo o que não fizeram nos anos 90 e escondem aqueles que conduziram a política econômica brasileira entre os anos de 1994 e 2002.

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