Cultura e preconceito

A história dos negros na cidade de São Paulo tem sido marcada por diversas formas de lutas na construção de suas expressões culturais e, por vezes, vistas como “caso de polícia”. O samba, por exemplo, confirma este enredo. Diversos sambistas foram perseguidos e encarcerados no início do século 20, caso idêntico ao da capoeira que, por Lei, foi proibida de 1890 a 1937, onde capoeiristas poderiam ser presos.

O candomblé, religião de matriz africana, não fugiu a regra. O Decreto de 1832 obrigava negros escravizados a se converterem à religião oficial, o Catolicismo, e se acusados de feitiçaria, poderiam ser condenados à pena de morte.

No início da República o Espiritismo era considerado crime, e em muitos Estados templos eram cadastrados na delegacia e seguidores submetidos a exame de sanidade mental, com laudo psiquiátrico.

Esses exemplos nos leva a repensar o combate ao preconceito e à discriminação como estratégia central para a cidadania, por meio de políticas públicas de reconhecimento e respeito à cultura.

Sensível à questão, o prefeito Fernando Haddad tem dialogado com as diversas expressões culturais da cidade, especialmente as mais discriminadas, de maioria afrodescendente, caso do Hip-Hop e o Funk, para que não sejam mais tratados como “caso de polícia”.

Os funkeiros e os policiais, com intermediação do poder público municipal, estão construindo estratégias para garantir direito à cultura e ao lazer da juventude sem que estes usurpem o direito das pessoas que não querem ser prejudicadas, pelas formas de ação do movimento quando, na organização dos “pancadões”, que movimenta milhares de jovens nos finais de semana. A saída foi encontrar locais públicos com toda infraestrutura e cidadania que lhes é direito.

Assim, o poder público cumpre sua responsabilidade de ampliar os espaços de cidadania considerando as singularidades, especificidades dos paulistanos, sobretudo quando observa os grupos mais excluídos da cultura e dos seus direitos.

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