De História e Esperanças
Estamos às vésperas do oitavo ano do terceiro milênio. Um grande momento, após reviravoltas extraordinárias, em nosso país.
Publicado 22/12/2007 18:27
Há algum tempo atrás, quem militou na década de 1960, conviveu ou atuou em episódios que marcaram o tempestuoso, porém fecundo, século vinte. À década de sessenta, sucederam, não tão óbvios, os singulares anos setenta e oitenta.
Dos grandes combates políticos, um sentimento de que poderosas transformações pareciam iminentes, surgiram, como algo tenebroso, os tempos de chumbo.
Lutar e sobreviver, o itinerário dos que persistiam na atividade política, mesmo que proibida pelo regime arbitrário. Cada novo dia em liberdade ou não, indicava a necessidade de travar a batalha desigual mas impostergável.
Depois, acontecimentos grandiosos, a campanha pela anistia, os imensos comícios pelas “Diretas Já” à presidência da República, cujo desfecho frustrou os milhões de brasileiros que acorreram aos maiores comícios da História do Brasil.
Não houve tempo para lamentações, porque a vontade coletiva em derrubar a ditadura era maior que as dores da derrota. Outra onda democrática e popular varreu o país.
Surge a campanha de Tancredo Neves à presidência, através do Colégio Eleitoral, paradoxalmente instituído pelo regime para a sua perpetuação. Mais uma vez, milhões saíram às ruas contra a tirania, a censura à imprensa, pelas garantias legais, individuais ou coletivas.
Muitos lutavam por um regime democrático com transformações sociais profundas, outros, batiam-se por objetivos mais imediatos, como o conceito jurídico de que “todos são inocentes até que se prove o contrário”, contra a sua perversão, qual seja, “todos são culpados até que se prove o contrário”.
Logo após, em 1987, instala-se a Assembléia Nacional Constituinte, e com ela, a restauração democrática em nosso país. Surgiu, depois, o enredo neoliberal, desconstruindo direitos sociais, a privatização das indústrias estratégicas ao país etc. O período de FHC.
Retoma-se, a seguir, a luta nacional e popular, com a vitória de Lula. Cheia de virtudes e imperfeições. É o nosso contínuo histórico de esperanças, prazerosas ou sofridas, limitadas ou decisivas. São as nossas identidades. Com elas, erguemos o presente e sonhamos um futuro de paz, emancipação nacional, justiça social para o generoso e criativo povo brasileiro.