Deus me livre 

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(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

“Invadimos tudo”, grita o homem branco de camisa azul. Usa boné amarelo com bordado verde, inscrito B-38, o B pode ser de qualquer bobagem, já o 38 é uma referência a arma de fogo mesmo. “Estamos vencendo a guerra, graças a Deus, em nome de Jesus estamos vencendo”, continua gritando o homem. No seu entorno, outras pessoas gritam num clima de festa e destruição. O pastor transmite a invasão com entusiasmo e pede para o seguirem nas redes sociais. 

Mulheres se ajoelham entre cadeiras quebradas e papéis espalhados. Algumas têm rostos pintados, lembra teatro, mas é real, elas cantam e oram. A oração parece que fortalece a cegueira do ódio e do destroço. Excluíram Jesus da cerimônia e usaram indevidamente o seu nome. 

“Deus, pátria, família e liberdade” se repete como eco entre a multidão hipnotizada, que avança sobre os cavalos, as vidraças, as obras de artes e as pessoas, nada deve ficar intacto. Criam uma notícia falsa para o terror, os lobos se dizem cordeiro. 

O homem com a bandeira do Brasil, sobe em cima de um quadrado de madeira branco, desses que colocam obras de artes, desce as calças e simula obrar.

Outro pastor Mala, insiste, insiste em vender o ódio como amor. Solta frases aceleradas, sem ponto, vírgula e ar. Incita o caminho da violência pela via do morde e assopra. “Deus tenha misericórdia do Brasil”, grita furioso e espumando os beiços de mentira. 

Não se sabe ao certo o que esse povo quer.  Uma é coisa certa: não querem que o  peixe e o pão sejam divididos, como ensinou um jovem revolucionário, há muito tempo atrás,  devia ser comunista,  mas  foi abandonado por seus falsos discípulos nas rampas conflituosas do poder.  

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