Diante da Hecatombe, uma frente de salvação nacional é preciso

O Brasil enfrenta ainda a onda reacionária de desmonte dos serviços públicos e entrega das empresas nacionais. Para vencê-la, é preciso a união de amplas forças em torno de um projeto de salvação nacional

Fotomontagem feita com as fotos de: Marcelo Chagas/Pexels; Torange.Biz; Isac Nóbrega/PR e Olhar Digital

Privatização da Eletrobras e Correios; destruição do serviço público (reforma administrativa); desmonte do ministério da Educação; desastre completo na área de Ciência e Tecnologia; sucateamento planejado do sistema federal de ensino; total desaparelhamento dos órgãos ambientais; aparelhamento dos meios de comunicação do Estado; catástrofe na cultura; e sabotagem criminosa do combate à pandemia. Essa listagem pode ser ampliada, dependendo do esforço, mínimo aliás, em investigar as diatribes desse governo, só nesse ano da Graça de 2021.

Um país em completo abandono, com um segmento, a meu ver ainda importante, que mergulhou de corpo e alma no fanatismo do bolsonarismo, sujeitando-se a defender as coisas mais abjetas e surreais, e que projeta uma imagem para o mundo de um que a ignorância parece ter vencido. Esse é o país que nós temos hoje.

Mas o BraZil não é assim. Ele ficou assim. Ficou assim depois de ser surpreendido por uma avalanche reacionária que varreu o mundo ocidental. Essa avalanche atinge, hoje, vários países europeus, desde os diminutos países do Báltico, hoje pequenos satélites da OTAN, até o sempre explosivo Balcãs, com seus governos aprisionados pela política macroeconômica da União Europeia e sob o controle da OTAN, bastando ver o virtual protetorado que essa organização tem sobre a Geórgia nos dias de hoje, para compreender como essa situação está posta.

Essa avalanche, desenhada no horizonte, pegou, a meu ver, um tanto quanto desprevenido, vastos setores do campo da esquerda e, hoje, a reorganização do dito setor parece ainda estar longe do razoável, pois ainda há muita hesitação quanto a forma de combater o meliante do Planalto e os caminhos parecem estar bloqueados. Falta, em alguns casos, um entendimento do processo histórico que nós estamos vivendo.

Foto: Reprodução

A tão necessária frente, ampla ou única, tem dificuldades de ser aceita por muitas lideranças, ainda contaminadas pelo hegemonismo ou por uma falta de percepção da importância de se derrubar esse facínora. A cada dia, braZileiros morrem vitimados pela política de “abandono planejado” do combate a COVID-19 e essa “ausência” tem causado danos enormes na economia, ou seja, a permanência dessa horda no poder, empurrará, cada vez mais, o país para baixo e será muito mais difícil reerguer sua tão debilitada estrutura econômica.

Imagina-se que com o avanço das investigações da “CPI da COVID-19”, seja aprofundado o desgaste do governo federal; e que as recentes deliberações do TSE, que certamente forçarão o Mandrião a se defender, o que acho pouco provável, possam ter o poder de enfraquecer o governo e, portanto, as construções das alianças políticas para 2022, não teriam que “ter pressa”. O “deixa ele sangrar”, ao que tudo indica, tem defensores no campo da esquerda, o que é uma sentença de morte para centenas, provavelmente milhares, que morrerão até outubro de 2021, vítimas da pandemia, e não dá nenhuma garantia de que o Mandrião chegará em outubro de 2022 enfraquecido.

Frentes políticas, dependendo da sua intenção, precisam de um consentimento geral. Precisam de convicção política e de compreensão dos limites dos interesses de cada um dos participantes e isso, no caso brasileiro, é um exercício muito complexo, dada a fragilidade das estruturas partidárias, muitas delas verdadeiras combinações de interesses de grupos, longe de terem a percepção do que vem a ser, de fato, um “interesse nacional”.

No caso específico, entretanto, mais do que uma frente política, ampla ou estreita, é necessário, diante da destruição do país, uma verdadeira “frente de salvação nacional”, pois essa articulação política precisa : salvar o país do mensageiro da Morte, evitando que os efeitos deletérios da pandemia se prolonguem; recuperar a República, no sentido de recompor as instituições republicanas para que o ambiente político se “descontamine” do caos instalado pelo “milicianato”; recolocar o país na política internacional, e assim melhorar sua capacidade de negociação nas diversas áreas; retomar os mínimos princípios civilizatórios, afastando a truculência e a ignorância, hoje praticamente “políticas públicas”; e começar um amplo diálogo para “repensar” o país e debater se o desmonte do Estado, feito nos últimos seis anos tem, de fato, melhorado a situação geral do país.

Vamos torcer para dar certo.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor