“Diva” lançou cineasta e cantora

“Diva”, precursor do movimento “Cinéma du look” e a vida dos imigrantes africanos em “Farewell amor”

Filme "Diva" | Foto: Divulgação

Diva é um filme francês de 1981, o primeiro filme dirigido pelo cineasta Jean-Jacques Beineix, que trazia a então jovem cantora operística Wilhelmenia Fernandez, da Pensilvânia, Estados Unidos. Beineix já trabalhava com cinema desde os anos 60, mas Diva foi sua primeira direção. O filme também ajudou a cantora a fazer sucesso internacional. Diva fez sucesso de público e também de crítica, recebeu muitos prêmios em Festivais, inclusive mereceu seis César (que é o Oscar francês). Ele está em exibição na Mubi, e provavelmente para homenagear o diretor Beneix, que morreu em janeiro deste ano com 73 anos.

Diva fez não só sucesso imediato como também deu chances para o lançamento de uma espécie de ‘escola’, com o chamado ‘cinéma du look’, onde os cineastas pensavam em buscar o aplauso tanto de quem gostava de cinema denso inteligente quanto daqueles que queriam somente o divertimento. Mas essa ‘escola’ teve algum sucesso internacional com Beineix, Luc Besson e Leos Carax, porém duração curta. Inclusive o segundo filme de Beineix lançado em 1983, “La lune dans le caniveau”, não conseguiu sucesso nem de público, nem de crítica.

Diva é um filme realmente bonitinho, com sua parte sonora muito agradável, pois a cantora Wilhelmenia Fernandez é uma mulher negra muito bonita e uma ótima cantora. Como o filme tem uma estrutura na qual a mentira e a verdade fazem parte central, o espectador é levado a acreditar que é uma atriz e não uma cantora, que apenas está sendo dublada. Inclusive ela nos diálogos com o personagem central, um jovem carteiro que se apaixona por ela, o ator Richard Bohringer fala duas ou três frases em inglês, muito mais em francês, dando a impressão de que a cantora é francesa.

Apesar de ser um filme frágil, que não mereceria o sucesso que fez de crítica, é agradável até como um ‘policial’, cujo enredo não é realmente ‘policial’, mas utiliza a narrativa para mostrar cenas de violência ao gosto desse tipo de espectador mediano. Além da atriz principal cantora e bela, Diva conta com a presença do jovem ator Richard Bohringer, um típico ‘jovem’ dos anos 80 do século passado, e de uma atriz de Taiwan, Luu Thuy Na, uma chinesa bonita e de comunicação bem interessante.

Enfim, Diva provavelmente eu vi agora pela segunda vez, embora não tenha certeza. E me parece merecido que esteja em cartaz como exemplar de um tipo de cinema inteligente. Mesmo que não consiga atingir o nível dos filmes de Jean-Luc Godard, onde Beineix sem dúvida se inspirou.

Olinda, 09. 06. 22

Adeus amor (Farewell amor)

Filme “Farewell amor” | Foto: Divulgação

Um filme que está sendo exibido pela Mubi e que tem produção dos Estados Unidos, mas que realmente foi realizado por uma equipe angolana, liderada pelo cineasta Ekwa Msangi. “Farewell amor” parece pretender ser uma obra capaz de explicar que os imigrantes africanos são seres tão civilizados quanto qualquer ser civilizado. Posso não estar certo da intenção do filme.

No entanto, tanto antes do filme ficcional começar quanto depois que ele termina, aparecem o diretor e outros membros da equipe comentando, procurando explicar como uma pessoa não é pior pelo simples fato de ser imigrante. Coisa que tanto os norte-americanos quanto os europeus sempre consideraram resolvido, mesmo que sempre haja uma nova versão para ou na busca de justificativas para o grande massacre do povo africano.

“Farewell amor” tem um ar muito bem-comportado, como se as pessoas não tivessem diferenças, e na primeira sequência, quando o resto da família chega em Nova York no aeroporto, o comportamento dos personagens Walter, da mãe e da filha são de pessoas com belos costumes e mesma maneira de debater. O filme não chega a ser um produto refinado do cinema hollywoodiano, mas procura muito ser isso.

Outra coisa. O fato é que um instrumento de exibição de filmes como a Mubi hoje é muito mais importante do que qualquer sala de cinema e por isso penso que o Governo de Pernambuco, ao invés de gastar dinheiro com a manutenção do São Luiz, deveria comprar um espaço na Netflix para exibir para onde der os filmes pernambucanos. E quanto ao cinema estrangeiro, já tem muito na verdade onde se ver, sem o Governo gastar nada. E então cuidar dos museus pernambucanos, por exemplo.

Olinda, 17. 06. 22

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor