Duas cartas de Marx

Quero mencionar, para registro, trechos de duas cartas de Karl Marx a respeito da relação entre política e ação sindical. Embora datados de longo tempo conservam sua atualidade.

Em 1871, escrevendo para Bolte, dirigente sindical norte-americano, afirmava: ''Todo movimento em que os trabalhadores se apresentem como classe contra as classes dominantes e tentem se impor a elas por pressão exterior é um movimento político. Por exemplo, a tentativa em uma fábrica particular ou mesmo em um ramo particular da indústria, de obrigar os capitalistas a estabelecerem uma jornada de trabalho mais curta, por meio de greves, é um movimento puramente econômico. Mas, se o movimento tem como objetivo conquistar uma lei de jornada de oito horas, é um movimento político. Desta maneira, a partir dos diferentes movimentos econômicos dos trabalhadores, cresce em todas as partes um movimento político, isto é, um movimento de classe que tem como objetivo impor seus interesses de forma geral, de uma forma que possua uma força social de obrigação geral. Se estes movimentos pressupõem certo grau de organização eles são, por sua vez, meios de desenvolvimento dessa organização''.


 


 


Mas isto não poderia, segundo Marx, ser conduzido como uma luta sectária porque, como explicara a Schweitzer, dirigente sindical alemão, em 1868: ''Toda seita é religiosa e não tem a base de sua agitação nos elementos reais do movimento de classe, mas quer prescrever a este movimento sua conduta segundo uma receita doutrinal determinada. A seita procura sua razão de ser e seu ponto de honra, não no que há de comum no seio do movimento dos trabalhadores, mas sim em sua receita particular que a distingue deste movimento''.


 


Marx sabia das coisas.

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