Entre a lama e a esperança

O dilema é recorrente em todas as campanhas: nos programas de TV e rádio, qual a prioridade – a “desconstrução” do adversário, através de acusações e denúncias, ou a defesa de propostas?

Você, leitor, não necessariamente afeito às minudências estratégicas das lutas eleitorais, poderá responder conforme suas preferências subjetivas.


 


Uns adoram ver o circo pegar fogo, não perdem o programa seguinte para ver que resposta o candidato atacado dará à agressão sofrida. Você pode estar entre esses. Ou, não; optar pela prioridade a propostas, o quanto possível compreensíveis e viáveis, que os candidatos possam apresentar. Parece que a maioria rejeita a lama e o sangue e se sente de certa forma ofendida em sua sensibilidade quando começa o tiroteio de denúncias e ataques pessoais. Pelo menos é o que revelam algumas pesquisas e estudos especializados.


 


Mas, na prática, estrategistas e marqueteiros frequentemente caem na besteira de optar pela lama, o sangue e o mau humor. E se ferram.


 


Aconteceu nas duas últimas campanhas eleitorais para prefeito no Recife, quando a equipe permanente de marqueteiros do então governador Jarbas Vasconcelos, diretamente envolvida na disputa, tentou “desconstruir” o candidato João Paulo através de todo tipo de grosseria. Deu tudo errado para os candidatos de Jarbas – Roberto Magalhães, em 2000, que era o favorito; e Carlos Cadoca, em 2004, derrotado logo no primeiro turno.


 


Agora, diante das últimas pesquisas Sensus e Datafolha, que indicam larga vantagem pró-Lula, alguns analistas consideram que Alckmin perde terreno exatamente porque vem atacando frontalmente Lula, de maneira agressiva e sistemática.


 


Em Pernambuco, o comando de comunicação da campanha do atual governador, Mendonça Filho (PFL), candidato à reeleição, foi demitido há poucos dias atrás porque teria formatado um programa propositivo, segundo se ventilou na imprensa. Prevaleceu a opção pela linha “do jeito que diabo gosta”, na expressão de Ciro Rocha, colunista político do Jornal do Commercio.


 


No lado oposto, a coligação Melhor pra Pernambuco (PT-PCdoB-PTB-PMN-PAN-PRB) dará ênfase ao confronto de idéias e propostas e, na crítica ao adversário, manterá o nível elevado por entender que este é o melhor método para a conquista do voto e a educação política do povo. Ou seja: entre a lama e a esperança, ficará com a esperança.

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