EUA : a águia com as garras sujas de sangue ameaça o mundo

Quando falamos em geopolítica, não há “santos” e “demônios”, mas o que está bem claro é que os EUA mandam e desmandam na Otan, hoje um força bélica de intervenção, e vêm arrastando a União Europeia para esse conflito

Ilustração: Latuff

A reunião do Conselho de Segurança da ONU, realizada nesta segunda-feira (31), a pedido dos EUA e não da Ucrânia, que é a principal “vítima” da propalada invasão dos “bárbaros russos”, é mais um capítulo da longa história em que os EUA atuam como “protetores” de nações “amigas” ou algozes de “nações inimigas”, escolhidas a dedo pela diplomacia norte-americana, não importando quem está administrando a Casa Branca.

Essa autoproclamação dos EUA como “guardiões do mundo”, iniciada em dezembro de 1823, portanto a 199 anos, com a proclamação feita pelo então presidente James Monroe que os EUA não permitiriam, nas Américas, a “colonização europeia”, que ficou conhecida como “América para os Americanos”, está na própria base da formação do território dos EUA, que foi ancorada, por exemplo, na sombria “doutrina do destino manifesto”, surgida nos anos 40 do século XIX que defendia o “direito” dos colonizadores em expandir as fronteiras estadunidenses de então, baseada na tese de que o povo americano tinha virtudes especiais, dadas evidentemente por Deus, para abocanhar territórios vizinhos.

A guerra contra o México, que durou de 1846 a 1848, fez com que as terras que hoje pertencem aos estados da Califórnia, Nevada, Texas e Utah, Novo México, e áreas dos Estados de Arizona, Colorado e Wyoming, o que equivalia a 50% do território mexicano, fossem tomadas pelos EUA.

Pouco mais de meio século depois, o presidente norte-americano, Theodore Roosevelt, que assumiu a presidência dos EUA devido ao assassinato do então presidente William McKinley, em 14 de setembro de 1901, “recuperou” a Doutrina Monroe e colocou toda a América Latina sob os “interesses norte-americanos” com a nova doutrina da diplomação de Washington: o Big Stick (Grande Porrete). Por essa doutrina, os EUA, daí em diante falariam grosso sempre que necessário para “proteger seus interesses”.

Charge que retrata a política “Big Sitck” no Caribe I Ilustração: Willian Allen Rogers

Depois da Segunda Guerra Mundial, com os EUA emergindo como nação mais poderosa da terra, a política do “grande porrete” foi espalhada mundo afora, com os EUA construindo um poderoso aparato militar, financeiro e de segurança, que articularam golpes; mataram lideranças progressistas; instalaram regimes militares corruptos; e espalharam guerras nos quatro cantos do mundo.

Não cabe nesse espaço descrever toda a política do “porrete” dos EUA, daria vários livros, mas esse último ato do governo de Joe Biden, um democrata que prometia “dias melhores para o mundo”, depois da presidência tresloucada do fascista Trump, deixa claro que os “falcões” do Pentágono estão com toda força e o que chama a atenção é a diplomacia norte-americana, mergulhada na propagação de Fake News e no absoluto desprezo à soberania ucraniana, o que tem feito com o presidente, Volodymyr Zelensky, um patético ex-ator que hoje comanda um dos Estados mais corrompidos do mundo, suar frio e tentar diminuir o fogaréu diplomático criado por Washington.

Quando falamos em geopolítica, não há “santos” e “demônios”, mas o que está bem claro é que os EUA mandam e desmandam na Otan, hoje um força bélica de intervenção, e vêm arrastando a União Europeia para esse conflito, algo que já chamou a atenção para a Alemanha e França, que tem fortes interesses econômicos com a Rússia e que não desejam a Europa pegar fogo, porque fatalmente as chamas os atingiriam.

Obviamente que o único país do mundo que não tem nenhuma “moral” para falar em “liberdade” e “democracia”, para os outros, são os EUA. Seu histórico de alianças não permite isso. Suas ações contemporâneas tampouco sustentam o falacioso discurso que busca fazer com as pessoas acreditem que Washington quer a “liberdade e democracia” dos povos. Isso nunca aconteceu e mesmo dentro da Europa, a Otan e os EUA já fizeram intervenções danosas, como foi no caso da Iugoslávia; as intervenções na Geórgia, hoje um protetorado norte-americano; na transformação dos Países Bálticos em pequenas bases; e agora na Ucrânia, onde os “interesses” dos EUA, provocaram a destrutora “Revolução Laranja” e posteriormente o Golpe de Maidan, lançando esse país num cubículo fascista, controlado por bandos criminosos. Resta aguardar o desfecho da luta entre a Águia norte-americana, sempre sedenta de sangue e o Urso russo, cujas garras voltaram a crescer, e estão bem afiadas. E o Dragão a tudo assiste.

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