Golpe, eleição e povo na rua

Devemos todos os que defendemos o Brasil, a liberdade e a justiça social fazer uma grande campanha de massas, usando-a como instrumento, a um tempo, para a conquista do voto e para impedir golpes contra a democracia

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Dia desses nos perguntaram se há possibilidade de golpe. Possibilidade há, respondemos. E temos visto como o miliciano do Planalto se empenha em fazer, do possível, fato.

O sujeito tem base nas polícias militares, forças armadas, milícias armadas e digitais, clubes de caça e tiro, latifundiários armados, na maioria dos pastores neopentecostais, e seu discurso fascistóide encontra eco em significativas parcelas do eleitorado. Seus procedimentos estão focados em desmoralizar o processo eleitoral, lançando suspeitas sobre as urnas eletrônicas. Seus sabujos de plantão têm ameaçado o TSE e cobrado dele o direito de se imiscuir em assuntos que não lhes dizem respeito, em flagrante desrespeito à Constituição Federal. Perseguições e ameaças a opositores, e até mortes, buscam criar clima de terror, intimidar democratas, tumultuar o ambiente político e afastar eleitores das urnas.

Em face desta devolutiva, perguntaram de volta: como garantir que não haja golpe? Ripostamos que só a morte dá garantias, mas que, por outro lado, podemos contar com três linhas políticas de contenção.

A primeira é a institucional. Temos visto como as instituições do Estado de Direito têm sido defendidas e acionadas pelas forças democráticas de diferentes matizes. O Supremo Tribunal Federal tem sido uma espécie de trincheira de resistência, com a maioria de seus ministros interpondo obstáculos aos arreganhos antidemocráticos do gabinete do ódio. No Congresso Nacional, a oposição dá dor de cabeça ao presidente, articulando sabiamente com base na linha de frente ampla e lhe impondo derrotas. Há, inclusive, setores das Forças Armadas que se postam contra qualquer aventura golpista.

Leia também: Bolsonaro atira a esmo e perde força

– Ô, cidadão! Você tá pedindo pra gente defender o Estado burguês?! – perguntará o sectário de manual.

Revolucionário, senhor incorrigível estreito, é quem defende os interesses presentes e futuros da classe operária, já disseram dois alemães em 1848. É do interesse dos trabalhadores a defesa, hoje, das instituições democráticas liberais, porque são elas, hoje, muros de contenção ao avanço do fascismo no Brasil. Defender o Estado de Direito é, pois, nos tempos que correm, uma atitude revolucionária. Tá bom assim?

A segunda linha de defesa, prossigamos, é justamente a política de Frente Ampla. É certo que a Frente não é algo institucionalizado, uma organização com cabeça, tronco e membros. No entanto, funciona como uma amplíssima articulação de forças políticas que encetam ações combinadas contra um mesmo inimigo, e que o levam ao isolamento e ao desgaste junto ao eleitorado – especialmente, os trabalhadores. Ousamos dizer que o baixo desempenho do facinoroso fascista nas pesquisas deve-se em grande parte a essa ação combinada em frente.

Foto: Reprodução

– Ô, sujeito! – lá vem de novo o do manual – você quer que a gente se misture com os golpistas de 2016?!

O sectário, pobre dele!, não gosta de política frentista. Não vê que é do interesse dos trabalhadores e do povo a união de amplas forças contra o fascismo. Não vê que a tarefa central imediata é impedir que ele se instale de vez, derrotando-o nas urnas, e, ato contínuo, reconstituir a arena democrática – ambiente o mais propício para a luta de nossa gente.

O que nos leva à terceira e mais decisiva linha de resistência: o povo na rua. É a mobilização das massas que fortalecerá as duas outras frentes e desempenhará o papel protagonista nas eleições que chegam. As manifestações de rua durante a passagem de Lula nas cidades demonstram isso, ao tempo em que apontam a campanha do candidato do povo e as de seus apoiadores como instrumentos desta mobilização das massas brasileiras.

Leia também: Indústria brasileira perde um milhão de empregos em uma década

Falando mais diretamente: devemos todos os que defendemos o Brasil, a liberdade e a justiça social fazer uma grande campanha de massas, usando-a como instrumento, a um tempo, para a conquista do voto e para impedir golpes contra a democracia; uma campanha de massas em torno da chapa Lula e Alckmin Juntos pelo Brasil, e em torno dos candidatos da Federação Brasil da Esperança.

O que se conclui é que nada está dado, certo, garantido, mas que há uma palpável probabilidade de vitória do povo. Embora nosso inimigo tenha sua base de apoio mais próxima coesa, tenha os cofres do Tesouro Nacional e o suporte de banqueiros, do “agropop” e do capital estrangeiro – o que faz dele eleitoralmente competitivo –, temos visto o crescimento de nossa força junto ao povo e a diferentes camadas da sociedade brasileira; temos uma política de Frente Ampla em vigência, hoje capitaneada por Lula, que cada vez mais se espraia, se aprofunda e ganha adeptos; temos contradições na geopolítica internacional que favorecem o campo progressista na América Latina; temos um povo sedento por uma saída política e econômica que supere suas dificuldades e abra caminho para seu progresso.

Então, minha gente, só nos resta lutar.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor