Governos de centro-esquerda: a teoria e a prática
Em debate a escalada da violência criminal urbana nos países do Cone Sul, no seminário Hacia una visión política progressista en Seguridad Ciudadana, de que participamos, em Santiago, Chile, a convite do Instituto Igualdad e da Friedrich Ebert St
Publicado 26/07/2007 18:35
As opiniões são convergentes quanto ao diagnóstico da situação, grave e desafiadora. Idem quanto ao que os debatedores consideram fundamentos de uma política pública progressista na área da segurança – abordada sob novos paradigmas, diversos dos conceitos de segurança nacional e defesa do Estado que sustentavam a repressão política nas ditaduras miliatres em nosso subcontinente. Hoje se pretende uma “segurança cidadã”, focada na construção de ambientes seguros para a vida das pessoas em nossas cidades.
Mas surgem discrepâncias justamente quando se verifica, no curso do debate, uma tendência a examinar o assunto de maneira exageradamenmte setorial. As correntes de esquerda estariam, no dizer dos painelistas, demasiadamente embaraçadas diante da tarefa de gerirem o aparato estatal no que diz respeito à segurança.
Ora, essa dificuldade não estaria se verificando igualmente nas demais áreas da gestão pública em nível federal? Que dizer das políticas macroeconômicas ainda imperantes no Brasil, no Chile, na Argentiona e no Uruguai, cujos presidentes são filiados a partidos de esquerda?
A questão que introduzimos parece despertar painelistas e público para algo que deveria ser óbvio. Nossos atuais governantes alcançaram seus postos sob condições nada revolucionárias e ainda por cima continuam constrangidos pela engrenagem do Estado mínimo neoliberal construída pelos seus antecessores.
Superar essa engrenagem é indispensavel para que se possa colocar o Estado nacional efetivamente a serviço do desenvolvimento e do bem-estar de nossas populações.
Aí reside um diferencial quando se discute limites e possibilidades dos nossos governos de centro-esquerda dos países do Cone Sul. Analistas que se ocupam de políticas setorias eludindo a natureza do Estado terminam se perdendo em teses bem-intencionadas, porém distantes da realidade concreta.
Por isso, em muitos casos, acadêmicos e técnicos de inegável valor, convidados a desempenhar papel na gestão pública, com alguma frequência se assustam ao perceberem que na prática a teoria muitas vezes é outra…